Por José Luiz Quadros de Magalhães
Qual a conexão entre paz e meio ambiente? A aparente desconexão é facilmente superada quando nos valemos da história. Percebemos, a partir de um passeio na história recente, que paz e meio ambiente estão completamente conectados, e que a preservação do meio ambiente necessita da conquista da paz, o que por sua vez só ocorrerá com a substituição radical dos valores que sustentam a relações humanas e logo as relações internacionais.
Comecemos pois a desdobrar
o parágrafo anterior.
GUERRA E MEIO
AMBIENTE
Podemos fazer uma ligação
imediata entre paz e meio ambiente lembrando diversas passagens de conflitos
armados em tempos diferentes da história, e como, gradualmente, estes conflitos
levaram às devastações ambientais crescentes, desde a queima de florestas,
contaminação da água dos rios (como na guerra do Paraguai), destruição de
plantações, a utilização de armas de destruição em larga escala, até chegarmos à
ameaça final da guerra nuclear, passando pelas guerras químicas e
biológicas.
As devastações do campo e
das cidades comprometem o meio ambiente. Os bombardeios em larga escala desde a
segunda guerra mundial até as guerras do Iraque e Afeganistão no século XXI
trouxeram, em muitos casos, prejuízos irreparáveis. Como exemplos recentes
podemos citar a destruição sádica de Dresden (Alemanha 2ª guerra mundial); de
Yroshima e Nagasaki (no Japão, onde pessoas ainda morriam em razão da bomba
décadas depois da detonação); a destruição de Bagdá e de um acervo histórico de
valor incalculável para humanidade, entre outros episódios
lamentáveis.
Entretanto não é apenas
esta a conexão que podemos fazer. Podemos buscar uma conexão menos aparente para
o público em geral, mas de capacidade de destruição continua, pois se trata de
um comprometimento da paz que sustenta todo um sistema econômico que vivemos na
modernidade. O capitalismo e a necessidade da guerra para a sua
sobrevivência.
Respeitando as dimensões
deste texto precisamos delimitar a questão da paz, da guerra, do meio ambiente e
do capitalismo aos séculos XX e XXI, ou seja, a construção da sociedade de
consumo em que vivemos, que nos mergulha em valores que comprometem a vida
humana no planeta, e não o planeta como muitos
ressaltam.
Parece cada vez mais claro
que uma sociedade global fundada em valores individualistas; egoístas;
competitivos e materialistas, em uma relação de consumo e de apropriação de tudo
(o que é contraditório na essência), não pode prosperar muito tempo (mesmo
porque a idéia de prosperidade desta sociedade é material e quantitativa,
portanto, inviável do ponto de vista ambiental e humano). Ou mudamos estes
valores que hoje sustentam nossas sociedades ou
acabamos.
Importante
lembrar sempre, que estes valores não são naturais, são históricos. O
individualismo, o egoísmo e a apropriação desenfreada são construções históricas
capazes de gerar subjetividades que podem e são normalmente naturalizadas.
Exemplo disto é a afirmação ainda hoje de direitos naturais, como, por exemplo,
o direito de propriedade. O sentimento de propriedade ou a necessidade de
apropriação são criações culturais históricas. A nossa percepção da nossa
condição de seres históricos é fundamental para enfrentarmos o desafio de
construirmos novas percepções do mundo, uma nova subjetividade, desafio
fundamental para a preservação da humanidade.
Para compreendermos a
relação entre sistema econômico e guerra precisamos relembrar alguns conceitos
importantes da Teoria do Estado. Ao recordarmos estes conceitos pretendemos
oferecer ao leitor elementos de análise crítica que possam permitir não apenas
estabelecer a conexão lógica de um sistema moderno que se alimenta
essencialmente da guerra, como também, a necessidade de construção de uma nova
sociedade política, que permita a construção de relações internacionais fundadas
no diálogo e na diversidade cultural.
Assim, a paz capaz de
preservar o meio ambiente é um caminho a ser construído na superação do
paradigma moderno.
A CONSTRUÇÃO DA MODERNIDADE: A ERA
EUROPÉIA
Uma data simbólica nos
ajuda a compreender a construção da modernidade européia:
1492.
Por que esta data? São
dois os fatos históricos marcantes que inauguram a modernidade.
A era
européia.
Em primeiro lugar, em
1492, Colombo chega a América. Neste momento começa o processo de expansão
militar, conquista e exploração sistemática dos que os europeus passaram a
chamar de recursos naturais: a natureza estava reduzida a recursos para
alimentar a expansão econômica européia. Esta concepção do ser humano separado
da natureza e da natureza como fonte de recursos para este ser racional (o
único) nos acompanhará até hoje. Esta idéia fundamenta a acelerada e continua
degradação ambiental que hoje, mesmo após todos os alertas sobre as suas
conseqüências, continua em ritmo cada vez maior.
Esta invasão que se inicia
na América, ocorrerá nos outros continentes nos 500 anos de hegemonia militar e
cultural européia.<!--[if
!supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]-->
Naquele momento,
quando europeus tomavam terras de uso comum de inúmeras comunidades originárias,
assistíamos ao primeiro grande genocídio humano com milhões de indígenas
assassinados, culturas extintas e o início de uma devastação ambiental com
precedente na mesma Europa de onde vinham os invasores (que se diziam
civilizadores).
O segundo fato
histórico importante no ano de 1492 foi a expulsão dos mouros (muçulmanos) e dos
judeus da península ibérica. Este é o marco para o início da formação do estado
moderno e do seu direito territorial uniformizador, normalizador e
hegemônico.
A fundação do
estado nacional e a expansão européia fundam o universalismo europeu<!--[if
!supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]--> com o
qual começamos a romper, lentamente e pontualmente, na
contemporaneidade.
Os mitos modernos começam
a ajudar a compreender as bases das sociedades de exploração de recursos e
pessoas que se constroi a partir de então. Boaventura de Souza Santos<!--[if
!supportFootnotes]-->[4]<!--[endif]-->
menciona estes mitos: o selvagem; o oriental e a natureza separada do ser
humano. Como visto, destes mitos, que sustentam a exploração da riqueza das
Américas pelos invasores europeus que não consideram os selvagens (os povos
originários) como pessoas, a separação do homem da natureza é um dos fundamentos
ideológicos do sistema que perdura até hoje: a natureza, vista como algo
separado de nós racionais, serve para ser explorada pelos homens, abastecendo a
sociedade humana e sua indústria de todos os recursos que estes
necessitarem.
Uma característica
essencial do estado moderno que deve ser levada em consideração para a
compreensão do sistema é o fato deste estado se constituir a partir da afirmação
do poder do Rei diante de dois poderes que ocupam espaços territoriais
distintos: o império com grande dimensão territorial e o poder local dos
senhores feudais. A lógica que sustenta a idéia de soberania externa
(independência) e soberania interna (supremacia de poder) tem uma característica
hegemônica uniformizadora que sustenta a extinção de diversos povos e diversas
culturas, assim como a submissão (temporária ao que parece) de diversas outras
culturas.
Para que o poder do estado
nacional seja reconhecido ele necessita da uniformização de comportamentos da
sua população. O estado moderno expulsa os mais diferentes<!--[if
!supportFootnotes]-->[5]<!--[endif]--> e
uniformiza valores e comportamentos dos menos diferentes. Assim, para que todos
os grupos étnicos do nascente Estado Espanhol reconheçam a autoridade do Rei,
este não pode se identificar diretamente com nenhum destes
grupos.
O Estado moderno que surge
na Europa se pretende hegemônico (superior) em relação ao outro (estrangeiro) e
reproduz internamente a lógica hegemônica e intolerante com o diferente uma vez
que há sempre a dominação de um grupo étnico sobre os demais.<!--[if
!supportFootnotes]-->[6]<!--[endif]-->
A lógica que permanece
deste Estado e do Direito por ele produzido é logo hegemônica e uniformizadora,
subordinando pela força e pela ideologia todos que resistirem a sua supremacia.
A ordem internacional também seguiu este modelo o que aparece expresso no
Tratado de Versalhes e na Carta das Nações Unidas quando esta se refere ao
Conselho de Tutela. Da mesma forma o direito comunitário (que seria uma novidade
do pós-guerra) também reproduz o mesmo modelo hegemônico ao impor um sistema
econômico especifico fundado em um direito de propriedade uniformizador que
ignora as imensas diversidades dos diversos grupos étnicos que habitam o
continente europeu.
Algumas
premissas:
a) O estado
moderno, hegemônico e uniformizador é essencialmente violento. Este estado
depende das forças armadas e da policia para sobreviver, instituições que serão
desenvolvidas e profissionalizadas durante os últimos 500
anos.
b) O modelo
hegemônico interno cria as bases da economia capitalista. A moeda nacional, os
bancos nacionais e o aparato repressivo do estado sustentam a economia
interna.
c) Este estado
reproduz externamente a lógica hegemônica interna e a sua economia interna
ultrapassa suas fronteiras em uma busca por recursos naturais, humanos e
mercados por meio da conquista militar.
Ou seja, a
economia de exploração da natureza e das pessoas dos últimos quinhentos anos se
baseou na conquista e ocupação militar de todo o planeta pelos europeus. A
guerra permitiu a conquista de territórios de onde foram extraídos (e ainda são)
os recursos naturais que permitem toda a expansão industrial e tecnológica.
Desde o ouro e da prata da América ao coltan (combinação de dois minerais
utilizados na fabricação de aparelhos celulares) da África, o sistema
exploratório de recursos naturais por meio da guerra continua em ação, em larga
escala.
AS GUERRAS MUNDIAIS NO SÉCULO XX E A
EXPANSÃO DO CAPITALISMO
A Revolução Industrial
gerou uma expansão econômica sem precedentes. Esta expansão, entretanto, não
proporcionou uma melhoria uniforme do nível de vida da população. Enormes
diferenças sociais criaram cidades industriais inchadas e desiguais. O fruto da
expansão foi apropriado por poucos, os mesmos poucos que se utilizaram da
estrutura do Estado para garantir a segurança de sua riqueza acumulada e agora
necessitam do aparato militar estatal para expandir seus negócios em busca de
mão-de-obra barata, novos mercados e recursos naturais. As guerras mundiais
foram resultados da expansão econômica do século XIX, onde as potencias
econômicas competiam por espaço.
Dentro deste contexto
devemos entender o nazismo e o fascismo italiano e seus similares em outros
países, especialmente no Japão.
No início do
século XX havia uma competição por espaço, entre as seis grandes economias
nacionais do planeta (e obvio as empresas nacionais destes países). De um lado
Estados Unidos, Reino Unido e França com muito espaço para exploração de
recursos naturais, mão-de-obra e mercados (nas suas muitas colônias) e de outro
lado potências industriais importantes (Alemanha era a segunda maior economia
industrial em 1910) em busca do mesmo espaço (Alemanha, Japão e
Itália).
A primeira e a
segunda guerra mundial foram frutos do imperialismo do século XIX e da
acomodação de áreas de influência e exploração das grandes potências
industriais. Assim Alemanha, Inglaterra e Japão (representados pelos interesses
de seus empresários e de sua elite política a estes ligados) buscavam os espaços
que, por sua vez, Estados Unidos, Reino Unido e França já haviam tomado.<!--[if
!supportFootnotes]-->[7]<!--[endif]--> Este
conflito entre potencias industriais capitalistas em nível global é
provisoriamente resolvido com o cenário de pós-guerra, onde agora era necessária
uma Europa ocidental, unida sob o domínio estadunidense, capaz de barrar a
expansão do socialismo no leste europeu sob a influência
soviética.
Os inimigos da
segunda guerra se encontram até hoje unidos no grupo dos sete grandes.
Exatamente os mesmos: Estados Unidos; Reino Unido; França; Alemanha; Itália e
Japão, acrescentando o Canadá que na época era formalmente colônia
britânica.
A GUERRA COMO NECESSIDADE PARA A
EXPANSÃO ECONÔMICA: ONTEM E HOJE
Assim, a expansão
econômica industrial capitalista da Europa necessitou, e obviamente, ainda
necessita da guerra e da dominação ideológica, para sua
expansão.
São vários os exemplos
históricos que comprovam a hipótese levantada:
<!--[if !supportLists]-->a)
<!--[endif]-->A exploração da prata; do cobre e do
ouro na América para o financiamento do Império
espanhol;
<!--[if !supportLists]-->b)
<!--[endif]-->A formação do território dos Estados
Unidos da América com a invasão das terras dos povos originários e invasão e
anexação de parte do território mexicano rico em
petróleo;
<!--[if !supportLists]-->c)
<!--[endif]-->A exploração do ouro de Minas Gerais
enviado para Portugal que ajudou a financiar a revolução industrial na
Inglaterra;
<!--[if !supportLists]-->d)
<!--[endif]-->A expansão territorial alemã em busca
de recursos naturais negados àquele país e aos seus industriais pelo tratado de
Versalhes;
<!--[if !supportLists]-->e)
<!--[endif]-->A expansão territorial japonesa sobre
a Coréia e China em busca de espaço e recursos naturais para sua
indústria;
<!--[if !supportLists]-->f)
<!--[endif]-->A invasão e repartição da África
em muitos
Estados artificiais para a exploração de seus enormes recursos
naturais;
<!--[if !supportLists]-->g)
<!--[endif]-->A invasão e repartição do Oriente
Médio em diversos
Estados artificiais títeres para a exploração continua dos seus
recursos naturais;
<!--[if !supportLists]-->h)
<!--[endif]-->Mais recentemente a invasão do Iraque
em busca do petróleo que trouxe um enorme peso ambiental com a queima de
reservas de óleo.
Poderíamos aqui
citar páginas e páginas de relatos de fatos ocorridos nos últimos quinhentos
anos de hegemonia européia, que trouxe consigo a economia capitalista e a
acelerada degradação ambiental. Capitalismo, guerra, degradação ambiental na era
europeia andam juntas e inseparáveis. A paz parece impossível no sistema
vigente. Mesmo que os conflitos tradicionais de guerras entre estados nacionais
e exércitos fardados tendam desaparecer, estes cederam lugar a outras formas de
guerra: guerras civis (como na Colômbia); movimentos guerrilheiros (movimento
Zapatista no México); ações terroristas (Al Qaeda); guerrilha urbana e conflitos
religiosos (Iraque); guerra não convencional (Afeganistão); conflitos urbanos,
tráfico de drogas, criminalidade organizada ou não organizada (nas metrópoles do
mundo).
Se a
mundialização do sistema capitalista sustentada por uma questionável democracia
representativa liberal vai tornando desnecessária a guerra por recursos naturais
entre estados nacionais, o sistema econômico global, pela engrenagem
demonstrada, necessita do conflito armado para manter os recursos, conquistar
novos e manter a cada vez maior massa de excluídos sob
controle.
A IDEOLOGIA SUBSTITUI A
GUERRA?
Como
dito acima, os conflitos armados convencionais<!--[if
!supportFootnotes]-->[8]<!--[endif]--> entre
estados nacionais têm diminuído. Isto se explica pelo fato da expansão da
democracia liberal e a globalização da economia. O fato é que, a guerra entre
estados nacionais de democracia liberal e economia capitalista foi substituída
por um eficiente controle ideológico fundado na legitimidade de democracias
representativas liberais comprometidas pelo financiamento privado de campanha;
corrupção generalizada e desinformação gerada por uma imprensa concentrada nas
mãos de conglomerados econômicos. As decisões são aparentemente democráticas por
que tomadas por governos eleitos que governam com maioria da opinião
pública.
Luis
Barrios<!--[if
!supportFootnotes]-->[9]<!--[endif]--> cita
dois exemplos entre vários que ilustram o que dissemos acima. O pesquisador
aborda no seu artigo a exportação de riscos ambientais para os países
economicamente mais frágeis e com democracias liberais representativas, enquanto
os vultosos lucros permanecem nos países hegemônicos (especialmente Europa
ocidental e o ocidente americano – EUA e Canadá).
O
primeiro caso ocorre no Uruguai a partir de 1998. Seguindo o que vem ocorrendo
no Chile, Brasil, Paraguai e Argentina, o governo eleito do Uruguai admite
receber investimentos de empresas européias (no caso a ENCE espanhola e a
METSÄ-BOTNIA finlandesa) para reflorestamento com fins de produção de papel.
Entre os argumentos que fundamentam a propaganda, capaz de ganhar a simpatia da
opinião pública sustentando assim a tomada de decisão do governo, estão os
tratados de proteção de investimentos e o comércio do carbono instalado sob a
proteção dos “mecanismos de desenvolvimento limpo” do protocolo de Kyoto. Estes
tratados de proteção de investimento, segundo no informa Luis Barrios, têm a
força de neutralizar a mobilização social que ocorre com o deslocamento de
culturas tradicionais e expulsão de comunidades étnicas para naquelas terras
plantar eucaliptos e pinhos. O mais absurdo é o fato destas plantações serem
certificadas como bosques pelo Conselho de Manejo Florestal (Forest Stewardship
Council), gerando, portanto, autorizações para continuar emitindo gases estufa
nos países de origem dos donos das plantações. Em 2005 uma empresa Sueca
(STORA-ENSO) iniciou a formação de seu parque florestal no Uruguai com a
pretensão de comprar 90.000 hectares para plantar
pinho e eucalipto e instalar uma fábrica de papel às margens de um dos
principais afluentes do Rio Uruguai.
Esta
prática de exportação de risco ambiental transferindo para os países
considerados “subdesenvolvidos econômicos” (e para os europeus subdesenvolvidos
sociais, culturais e políticos) os processos mais danosos de produção do papel
não é o único exemplo:
“Os
danos causados pelas explorações mineiras a céu aberto no Peru, Chile e
Argentina; a instalação de indústrias químicas que lançam seus dejetos
contaminadores em rios e terras ou os armazenam nas próprias fábricas; a invasão
de culturas transgênicas no Brasil, Paraguai e Argentina, seguidas das
correspondentes propagandas de presentes de semeadoras de segunda geração; o
assédio das reservas de água doce, em particular as do lençol subterrâneo
Guarani; a privatização de reservas naturais com o objetivo de criar novas
espécies geradoras de patentes nanotecnológicas; a exportação de lixo tóxico de
origens distintas. Enfim, uma lista interminável de decisões de risco e de
perigosos empreendimentos em curso.”<!--[if
!supportFootnotes]-->[10]<!--[endif]-->
Todas estas ações são tomadas hoje por governos eleitos que se sustentam em uma
opinião pública tomada pela ideologia (crença) de que a prosperidade do mercado
com os investimentos estrangeiros impulsionarão a equidade social, proteção
ambiental e segurança coletiva.<!--[if
!supportFootnotes]-->[11]<!--[endif]--> A
silenciosa aceitação da opinião pública de constantes ações tomadas por governos
eleitos contra os interesses dos eleitores é tema que necessita ser pesquisado e
minuciosamente analisado. Os exemplos são muitos.
“Entre
1998 e 1999, 600 toneladas de sementes de algodão contaminadas, uns
4.000
kg de pesticidas e quantidades indeterminadas de uma
bactéria fungicida, tudo fora de uso, foram jogadas em uma localidade próxima à
cidade de Ybicuí, distante 120
Km da capital do Paraguai. Os dejetos tóxicos provinham
dos Estados Unidos e pertenciam à empresa industrial química DELTA & PINE
LAND Co. O caso foi relatado e documentado pelo jornalista Carlos Amorim, 2003,
“As sementes da morte”. Desde novembro de 1998, o Paraguai era signatário da
Convenção de Rotterdam. Além da óbvia toxidade de todo o carregamento, algumas
das substâncias trazidas e jogadas nas proximidades de Ybicuí estavam
explicitamente na lista de circulação controlada (PIC). O tratamento abertamente
cúmplice que as autoridades paraguaias deram ao ilícito depois da primeira morte
causada pelos dejetos é revelador da falta de defesa em que se encontram as
populações do mundo subdesenvolvido quando se trata de enfrentar ilícitos por
contaminação de poderosas transnacionais que negociam, diretamente com os
governos e com particulares sem escrúpulos”.
Importante notar
que o Paraguai era, nesta ocasião, mais uma recente democracia liberal
representativa com meios de comunicação concentrados como ocorre em muitos
outros exemplos.
CAPITALISMO E A PRIVATIZAÇÃO DA
GUERRA.
A guerra hoje não é apenas
uma necessidade do sistema econômico em busca de recursos naturais e de sua
manutenção. A indústria armamentista se tornou um grande negócio que se alimenta
da guerra. A engrenagem se tornou mais complexa uma vez que a guerra não é
apenas uma necessidade para possibilitar acesso a recursos, mas mesmo que não se
necessite de recursos, mesmo que estes recursos estejam militarmente ou
ideologicamente assegurados, a guerra se justifica pela necessidade de venda de
produtos para a guerra. É a guerra pela guerra.
Não só a indústria
armamentista se alimenta da guerra, mas todo um setor de serviços privados foi
criado para possibilitar a guerra. Neste momento a engrenagem se ajusta: ações
militares em busca de recursos; ações militares para manutenção dos recursos
conquistados; ações militares para reprimir os excluídos do sistema econômico;
ações militares para gastar os produtos da indústria bélica e finalmente ações
militares para empregar os serviços privados de guerra.
Os exemplos também são
fartos e basta prestar atenção aos jornais diários especialmente nos conflitos
constantes no continente africano.
DIREITO A PAZ, JUSTIÇA E FIM DA
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: UMA POSSIBILIDADE JURÍDICA CONSTITUCIONAL
PÓS-MODERNA?
A superação da modernidade européia
parece cada vez mais visível. A uniformização do direito e do comportamento que
sustentam a globalização de um sistema econômico egoísta e excludente é a marca
desta modernidade. Foram quinhentos anos de opressão; violência e exploração
sistemática e continua da natureza. A natureza, nestes séculos, tem sido vista
como dissociada da sociedade humana, servindo para abastecer, esta sociedade, de
“recursos” necessários para alimentar o desejo incontrolável de consumo de bens,
de produtos.
Este sistema criou subjetividades,
formas de ver, viver e compreender o mundo, subjetividades estas que aprisionam
o ser humano em um sistema que se alimenta no desejo por bens de consumo. A
competição e o individualismo foram naturalizados.
Como romper com a ideologia hegemônica
na qual boa parte da população do planeta se encontra
mergulhada.
Se cada um tem um papel no processo de
revolução social, aqueles que estudam a realidade social podem ajudar a
desvendar, a revelar os processos escondidos pelo discurso ideológico
hegemônico.
Um dos movimentos mais interessantes
que têm a capacidade de romper com as bases ideológicas da modernidade (que
sustenta o estado moderno do qual o capitalismo carece) é a rica experiência do
estado plurinacional na Bolívia e Equador.
A idéia de Estado Plurinacional pode
superar as bases uniformizadoras e intolerantes do Estado nacional, onde todos
os grupos sociais devem se conformar aos valores determinados na constituição
nacional em termos de direito de família, direito de propriedade e sistema
econômico entre outros aspectos importantes da vida social. Como vimos
anteriormente o Estado nacional nasce a partir da uniformização de valores com a
intolerância religiosa.
A partir da constitucionalização e sua
lenta democratização (em geral, ainda de bases liberais meramente
representativas) não se poderia mais admitir a construção da identidade nacional
com base em uma única religião que uniformizasse o comportamento no plano
econômico (direito de propriedade) e no plano familiar (direito de família).
Tornou-se necessário construir uma outra justificativa e um outro fator
agregador que permitisse que os diversos grupos sociais presentes no Estado
moderno pudessem se reconhecer e a partir daí reconhecer o poder do Estado como
legitimo.
A Constituição irá cumprir está
função. Inicialmente não democrático, o constitucionalismo irá uniformizar
(junto com o direito civil) as bases valorativas desta sociedade nacional,
criando um único direito de família e um único regime de propriedade que
sustentaria o sistema econômico. Isto ocorreu em qualquer dos tipos
constitucionais: liberal; social ou socialista.
A uniformização de valores e
comportamentos, especialmente na família e na forma de propriedade exclui
radicalmente grupos sociais (étnicos e culturais) distintos que, ou se enquadram
ou são jogados, aos milhões, para fora desta sociedade constitucionalizada
(uniformizada). O destino destes povos é a alienação, o aculturamento e a perda
de raízes ou então a miséria, os presídios ou os manicômios.
A lógica do Estado nacional, agora
constitucionalizado e mesmo “democratizado”, sustenta esta uniformização. A
ideologia que justifica tudo isto é a existência de um suposto “pacto social” ou
“contrato social”, ou qualquer outra ideia que procura identificar nas bases
destas sociedades um suposto acordo uniformizador. Nas Américas seria admitir
que as populações originárias tivessem aberto mão de sua história e cultura para
assumir o direito de família e o direito de propriedade do invasor europeu, que
continuou no poder com seus descendentes brancos a partir dos processos de
independência no século XIX.
A grande revolução do Estado
Plurinacional é o fato que este Estado plural, democrático participativo e
dialógico pode finalmente romper com as bases teóricas e sociais do Estado
nacional constitucional e democrático representativo (pouco democrático e nada
representativo dos grupos não uniformizados), uniformizador de valores e logo
radicalmente excludente.
O Estado plurinacional reconhece a
democracia participativa como base da democracia representativa e garante a
existência de formas de constituição da família e da economia segundo os valores
tradicionais dos diversos grupos sociais (étnicos e culturais)
existentes.
“Sin embargo, no se toma en cuenta que los grupos étnicos no luchan
simplemente por parcelas de tierras cultivables, sino por un derecho histórico.
Por lo mismo se defienden las tierras comunales y se trata de preservar las
zonas de significado ecológico-cultural.”<!--[if
!supportFootnotes]-->[12]<!--[endif]-->
Certamente este Estado joga por terra
o projeto uniformizador do Estado moderno que sustenta a sociedade capitalista
como sistema único fundado na falsa naturalização da família e da propriedade e
mais tarde da economia liberal.
Nas palavras de Ileana
Almeida:
“Al funcionar el Estado como representación de una nación única cumple
también su papel en el plano ideológico. La privación de derechos políticos a
las nacionalidades no hispanizadas lleva al desconocimiento de la existencia
misma de otros pueblos y convierte al indígena en victima del racismo. La
ideología de la discriminación, aunque no es oficial, de hecho está generalizada
en los diferentes estratos étnicos. Esto empuja a muchos indígenas a abandonar
su identidad y pasar a formar filas de la nación ecuatoriana aunque, por lo
general, en su sectores más explotados.”<!--[if
!supportFootnotes]-->[13]<!--[endif]-->
A Constituição da Bolívia,
na mesma linha de criação de um Estado Plurinacional dispõe sobre a questão
indígena em cerca de 80, dos 411 artigos. Pelo texto, os 36 “povos originários”
(aqueles que viviam na Bolívia antes da invasão dos europeus), passam a ter
participação ampla e efetiva em todos os níveis do poder estatal e na economia.
Com a aprovação da nova Constituição, a Bolívia passou a ter uma cota para
parlamentares oriundos dos povos indígenas, que também passarão a ter
propriedade exclusiva sobre os recursos florestais e direitos sobre a terra e os
recursos hídricos de suas comunidades. A Constituição estabelece a equivalência
entre a justiça tradicional indígena e a justiça ordinária do país. Cada
comunidade indígena poderá ter seu próprio “tribunal”, com juízes eleitos entre
os moradores. As decisões destes tribunais não poderão ser revisadas pela
Justiça comum.
Outro aspecto importante é o fato da
descentralização das normas eleitorais. Assim os representantes dos povos
indígenas poderão ser eleitos a partir das normas eleitorais de suas
comunidades.
A Constituição ainda prevê a criação
de um Tribunal Constitucional plurinacional, com membros eleitos pelo sistema
ordinário e pelo sistema indígena.
A nova Constituição democrática
transforma a organização territorial do país. O novo texto prevê a divisão em
quatro níveis de autonomia: o departamental (equivalente aos Estados
brasileiros), o regional, o municipal e o indígena. Pelo projeto, cada uma
dessas regiões autônomas poderá promover eleições diretas de seus governantes e
administrar seus recursos econômicos.
O projeto constitucional avança ainda
na construção do Estado Plurinacional ao acabar com a vinculação do estado com a
religião (a religião católica ainda era oficial) transformando a Bolívia
em um Estado
laico (o que o Brasil é desde 1891).
Outro aspecto importante é o
reconhecimento de várias formas de constituição da família.
Além de importante instrumento de
transformação social, garantia de direitos democráticos, sociais, econômicos
plurais, e pessoais diversos, a Constituição da Bolívia é um modelo de
construção de uma nova ordem política, econômica e social internacional. É o
caminho para se pensar em um
Estado democrático e social de direito
internacional.
Citando
novamente Ileana Almeida:
“En contra de lo que podría pensarse, el reconocimiento de la
especificidad étnica no fracciona la unidad de las fuerzas democráticas que se
alinean en contra del imperialismo. Todo lo contrario, mientras más se
robustezca la conciencia nacional de los diferentes grupos, más firme será la
resistencia al imperialismo bajo cualquiera de sus formas (genocidio, imposición
política, religiosa o cultural) y, sobre todo, la explotación
económica”.<!--[if
!supportFootnotes]-->[14]<!--[endif]-->
A América Latina (melhor
agora a América Plural), que nasce renovada nestas democracias dialógicas
populares, se redescobre também indígena, democrática, economicamente
igualitária e socialmente e culturalmente diversa, plural. Em meio à crise
econômica e ambiental global, que anuncia o fim de uma época de violências,
fundada no egoísmo e na competição a nossa América anuncia finalmente algo de
novo, democrático e tolerante, capaz de romper com a intolerância unificadora e
violenta de quinhentos anos de Estado nacional.
CONCLUSÕES
Para a compreensão da
grande contribuição do Estado Plurinacional e do constitucionalismo boliviano e
equatoriano para a construção de um novo paradigma democrático de Estado que
supere os 500 anos de estado nacional precisamos pontuar algumas
questões:
<!--[if !supportLists]-->a)
<!--[endif]-->O estado moderno surge a partir da
afirmação de uma esfera territorial intermediária de poder: o poder dos reis
entre o poder dos impérios (multi-étnico e descentralizado) e o poder dos
senhores feudais (local e fragmentado);
<!--[if !supportLists]-->b)
<!--[endif]-->Para que o poder deste novo estado
fosse reconhecido foi necessário construir uma nacionalidade por sobre as
nacionalidades pré-existentes. Assim foi inventado o espanhol como uma
identidade por sobre as identidades anteriores de castelhanos, galegos, bascos,
catalães e outros, processo que se repetiu em escalas diferentes na França,
Portugal, Reino Unido e vários outros estados nacionais que se formaram nos
últimos quinhentos anos;
<!--[if !supportLists]-->c)
<!--[endif]-->Este estado nacional uniformiza
valores por meio, inicialmente, da religião. A partir daí é gradualmente
construído todo um aparato burocrático que permitirá o desenvolvimento do
capitalismo: o povo nacional, a moeda nacional, os bancos nacionais, os
exércitos nacionais (fundamental para a expansão européia em busca de recursos
para o desenvolvimento de sua economia) e a polícia (fundamental para o controle
e repressão dos pobres excluídos do sistema econômico
desigual);
<!--[if !supportLists]-->d)
<!--[endif]-->Desde então, este modelo uniformizador
vem se reproduzindo, até mesmo nas novas formas descentralizadas de estado como
os estados federais, os estados regionais e o estado autonômico espanhol. Nestes
estados, mesmo se reconhecendo a diversidade cultural e lingüística, a base
uniformizadora do direito de propriedade (que sustenta um sistema econômico
único) e o direito de família (que sustenta os valores deste sistema econômico)
permanecem mais ou menos intactas, mas sólidas;
<!--[if !supportLists]-->e)
<!--[endif]-->A uniformização econômica fundada na
uniformização do direito de família e do direito de propriedade permanece também
em novas formas jurídicas como, por exemplo, o direito comunitário
europeu;
<!--[if !supportLists]-->f)
<!--[endif]-->A base ideológica moderna permanece
intocável, mesmo com todas as conquistas de direitos constitucionalizados: o
estado permanece uniformizador, excludente, fundado sobre uma economia
capitalista que necessita de “recursos naturais” para abastecer a sede de
consumo alimentada pela ideologia hegemônica.
<!--[if !supportLists]-->g)
<!--[endif]-->Nas Américas os estados nacionais
tiveram um processo de formação diferenciado: enquanto na Europa os mais
diferentes foram excluídos fisicamente (muçulmanos e judeus) e os menos
diferentes foram uniformizados (os grupos étnicos internos), na América os
estados formados que se tornaram independentes nos séculos XVIII e XIX, foram
construídos pelos descendentes dos europeus para os homens brancos descendentes
dos europeus. Os povos originários, chamados de índios pelos invasores europeus,
foram radicalmente excluídos da ordem jurídica constitucional nascente, assim
como os imigrantes forçados da África que tiveram suas vidas
escravizadas;
<!--[if !supportLists]-->h)
<!--[endif]-->Assim surgiram nas Américas, estados
nacionais para 20% (este é um número simbólico uma vez que encontramos estados
que até hoje a exclusão supera este número). Nos Estados Unidos a população
carcerária<!--[if
!supportFootnotes]-->[15]<!--[endif]--> já
atinge 2.750.000 pessoas (dois milhões setecentos e cinqüenta mil pessoas) sendo
que destes, 80% são negros e hispânicos. Só de homens negros são 800 mil presos
e mulheres negras 75 mil presas.<!--[if
!supportFootnotes]-->[16]<!--[endif]--> Este
fenômeno se repete em toda a América. No Brasil só os pobres e miseráveis são
presos. A maioria dos povos originários na Bolívia, Equador e Chile foram
radicalmente excluídos e só agora com governos democráticos finalmente eleitos
(Evo Morales na Bolívia; Rafael Correa no Equador e Michelle Bachelet no Chile)
a situação começou a mudar;
<!--[if !supportLists]-->i)
<!--[endif]-->A onda democrática na América Latina
trouxe uma importante novidade: a previsão de um estado plurinacional, onde cada
grupo étnico poderá manter o seu próprio direito de família e o seu próprio
direito de propriedade, mantendo ainda tribunais para resolver as questões
nestas esferas;
<!--[if !supportLists]-->j)
<!--[endif]-->Esta novidade pode finalmente
representar uma ruptura com 500 anos de hegemonia do paradigma do estado
nacional que representa a hegemonia européia;
<!--[if !supportLists]-->k)
<!--[endif]-->Este novo constitucionalismo
plurinacional pode fundamentar uma nova ordem internacional democrática e logo
igualitária exigindo a coragem de se romper com o universalismo europeu<!--[if
!supportFootnotes]-->[17]<!--[endif]--> que
gerou os direitos humanos “universais” europeus e uma ordem desigual cultural,
econômica e social favorável aos estados do norte (Europa ocidental, EUA e
Canadá) reproduzidos nos textos preconceituosos de suposta superioridade
européia presentes no Tratado de Versalhes e com fortes resquícios na Carta das
Nações Unidas (como, por exemplo, no sistema de tutela)
Um novo estado
democrático plurinacional é possível assim como uma nova ordem mundial e a
construção de um direito internacional (talvez mundial) democrático deve partir
da superação das pretensões hegemônicas; das falsas declarações ou suposições
disfarçadas de superioridade cultural. Uma nova ordem democrática radical pode
fundamentar a construção de uma nova ordem mundial democrática, sustentável e
pacífica o que exige a construção de espaços permanentes de diálogo em condições
reais de igualdade de manifestação, de igualdade de fala na construção de
consensos. Este novo constitucionalismo democrático latino-americano deve
fundamentar uma nova ordem mundial democrática o que exige o reconhecimento dos
novos atores das relações mundiais; de novos sujeitos de um direito
internacional que, talvez, a partir daí, seja finalmente democrático e deixe de
ser meramente internacional, mas efetivamente mundial.
<!--[if !supportFootnotes]-->
<!--[endif]-->
<!--[endif]-->
<!--[if
!supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]-->
- Doutor em Direito
Constitucional. Professor da UFMG e PUC-MG,
nos cursos de graduação e pós-graduação.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]-->
Quando nos referimos a Europa hegemônica hoje nos referimos ao ocidente ou a
OTAN: Europa ocidental, Estados Unidos e Canadá.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]-->
WALERNSTEIN, Immanuel. O universalismo europeu, São Paulo : Editora Boitempo,
2008.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[4]<!--[endif]-->
SOUZA SANTOS, Boaventura de. A Gramática do Tempo – para uma nova cultura
política, São Paulo: Editora Cortez, 2006, pp. 181-190.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[5]<!--[endif]-->
Tomando como exemplo a Espanha os mais diferentes expulsos são os muçulmanos e
judeus e os menos diferentes uniformizados são os diversos grupos étnicos
cristãos ibéricos.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[6]<!--[endif]-->
São vários os exemplos ainda hoje: castelhanos sobre bascos, catalães, galegos e
andaluzes na Espanha; ingleses sobre escoceses, galeses e irlandeses no Reino
Unido seguindo-se esta lógica em vários outros estados (Itália, França, etc).
Alguns estados onde a hegemonia é menos clara as tensões também existem. A
Bélgica, tenta solucionar, as hegemonias históricas de franceses e flamengos,
com um federalismo assimétrico de grande complexidade.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[7]<!--[endif]-->
Obviamente não ignoramos as potências medianas que também participaram da
divisão global dos recursos com força diferenciada em momentos diferentes como
Portugal; Espanha; Holanda; Bélgica entre outros.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[8]<!--[endif]-->
Como dito, isto não significa dizer que a violência e os conflitos armados não
convencionais tenham diminuído.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[9]<!--[endif]-->
BARRIOS, Luis. “O difícil diálogo entre estratificação social e a sociedade do
risco” in VARELLA, Marcelo Dias (organizador) Direito, Sociedade e Riscos – a
sociedade contemporânea vista a partir da idéia de risco, Brasília: Uniceub;
Unitar, 2006.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[10]<!--[endif]-->
BARRIOS, Luis. “O difícil diálogo entre estratificação social e a sociedade do
risco” in VARELLA, Marcelo Dias (organizador) Direito, Sociedade e Riscos”, ob.
Cit. Paginas 235-236.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[11]<!--[endif]-->
Trabalhei em diversos textos de minha autoria a questão da ideologia e do
encobrimento do real.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[12]<!--[endif]-->
ALMEIDA, Ileana. El
Estado Plurinacional – valor histórico y libertad política para los indígenas
ecuatorianos. Quito : Editora Abya Yala, ,2008, p. 28.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[13]<!--[endif]-->
ALMEIDA, Ileana. El
Estado Plurinacional – valor histórico y libertad política para los indígenas
ecuatorianos; ob.cit. p. 28.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[14]<!--[endif]-->
ALMEIDA, Ileana. El
Estado Plurinacional – valor histórico y libertad política para los indígenas
ecuatorianos; p. 29.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[15]<!--[endif]-->
- Em contato com o sistema penal, aí incluídos a probation e a
parole, são mais de 4 milhões de pessoas, de acordo com Virgílio de
Mattos.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[16]<!--[endif]-->
WACQUANT, Loïc. As duas faces do gueto, Editora Boitempo, São Paulo,
2008.
<!--[if
!supportFootnotes]-->[17]<!--[endif]-->
WALLERNSTEIN, Immanuel. O universalismo europeu – a retórica do poder. São
Paulo: Editora Boitempo, 2007.