Por José Luiz Quadros de Magalhães
Qual a conexão entre paz e meio ambiente? A aparente desconexão é facilmente superada quando nos valemos da história. Percebemos, a partir de um passeio na história recente, que paz e meio ambiente estão completamente conectados, e que a preservação do meio ambiente necessita da conquista da paz, o que por sua vez só ocorrerá com a substituição radical dos valores que sustentam a relações humanas e logo as relações internacionais.
            Comecemos pois a desdobrar 
o parágrafo anterior.
GUERRA E MEIO 
AMBIENTE
            Podemos fazer uma ligação 
imediata entre paz e meio ambiente lembrando diversas passagens de conflitos 
armados em tempos diferentes da história, e como, gradualmente, estes conflitos 
levaram às devastações ambientais crescentes, desde a queima de florestas, 
contaminação da água dos rios (como na guerra do Paraguai), destruição de 
plantações, a utilização de armas de destruição em larga escala, até chegarmos à 
ameaça final da guerra nuclear, passando pelas guerras químicas e 
biológicas.
            As devastações do campo e 
das cidades comprometem o meio ambiente. Os bombardeios em larga escala desde a 
segunda guerra mundial até as guerras do Iraque e Afeganistão no século XXI 
trouxeram, em muitos casos, prejuízos irreparáveis. Como exemplos recentes 
podemos citar a destruição sádica de Dresden (Alemanha 2ª guerra mundial); de 
Yroshima e Nagasaki (no Japão, onde pessoas ainda morriam em razão da bomba 
décadas depois da detonação); a destruição de Bagdá e de um acervo histórico de 
valor incalculável para humanidade, entre outros episódios 
lamentáveis.
            Entretanto não é apenas 
esta a conexão que podemos fazer. Podemos buscar uma conexão menos aparente para 
o público em geral, mas de capacidade de destruição continua, pois se trata de 
um comprometimento da paz que sustenta todo um sistema econômico que vivemos na 
modernidade. O capitalismo e a necessidade da guerra para a sua 
sobrevivência.
            Respeitando as dimensões 
deste texto precisamos delimitar a questão da paz, da guerra, do meio ambiente e 
do capitalismo aos séculos XX e XXI, ou seja, a construção da sociedade de 
consumo em que vivemos, que nos mergulha em valores que comprometem a vida 
humana no planeta, e não o planeta como muitos 
ressaltam.
            Parece cada vez mais claro 
que uma sociedade global fundada em valores individualistas; egoístas; 
competitivos e materialistas, em uma relação de consumo e de apropriação de tudo 
(o que é contraditório na essência), não pode prosperar muito tempo (mesmo 
porque a idéia de prosperidade desta sociedade é material e quantitativa, 
portanto, inviável do ponto de vista ambiental e humano). Ou mudamos estes 
valores que hoje sustentam nossas sociedades ou 
acabamos.
Importante 
lembrar sempre, que estes valores não são naturais, são históricos. O 
individualismo, o egoísmo e a apropriação desenfreada são construções históricas 
capazes de gerar subjetividades que podem e são normalmente naturalizadas. 
Exemplo disto é a afirmação ainda hoje de direitos naturais, como, por exemplo, 
o direito de propriedade. O sentimento de propriedade ou a necessidade de 
apropriação são criações culturais históricas. A nossa percepção da nossa 
condição de seres históricos é fundamental para enfrentarmos o desafio de 
construirmos novas percepções do mundo, uma nova subjetividade, desafio 
fundamental para a preservação da humanidade.
            Para compreendermos a 
relação entre sistema econômico e guerra precisamos relembrar alguns conceitos 
importantes da Teoria do Estado. Ao recordarmos estes conceitos pretendemos 
oferecer ao leitor elementos de análise crítica que possam permitir não apenas 
estabelecer a conexão lógica de um sistema moderno que se alimenta 
essencialmente da guerra, como também, a necessidade de construção de uma nova 
sociedade política, que permita a construção de relações internacionais fundadas 
no diálogo e na diversidade cultural.
            Assim, a paz capaz de 
preservar o meio ambiente é um caminho a ser construído na superação do 
paradigma moderno.
A CONSTRUÇÃO DA MODERNIDADE: A ERA 
EUROPÉIA
            Uma data simbólica nos 
ajuda a compreender a construção da modernidade européia: 
1492.
            Por que esta data? São 
dois os fatos históricos marcantes que inauguram a modernidade. 
            A era 
européia.
            Em primeiro lugar, em 
1492, Colombo chega a América. Neste momento começa o processo de expansão 
militar, conquista e exploração sistemática dos que os europeus passaram a 
chamar de recursos naturais: a natureza estava reduzida a recursos para 
alimentar a expansão econômica européia. Esta concepção do ser humano separado 
da natureza e da natureza como fonte de recursos para este ser racional (o 
único) nos acompanhará até hoje. Esta idéia fundamenta a acelerada e continua 
degradação ambiental que hoje, mesmo após todos os alertas sobre as suas 
conseqüências, continua em ritmo cada vez maior.
            Esta invasão que se inicia 
na América, ocorrerá nos outros continentes nos 500 anos de hegemonia militar e 
cultural européia.<!--[if 
!supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]-->
Naquele momento, 
quando europeus tomavam terras de uso comum de inúmeras comunidades originárias, 
assistíamos ao primeiro grande genocídio humano com milhões de indígenas 
assassinados, culturas extintas e o início de uma devastação ambiental com 
precedente na mesma Europa de onde vinham os invasores (que se diziam 
civilizadores).
O segundo fato 
histórico importante no ano de 1492 foi a expulsão dos mouros (muçulmanos) e dos 
judeus da península ibérica. Este é o marco para o início da formação do estado 
moderno e do seu direito territorial uniformizador, normalizador e 
hegemônico.
A fundação do 
estado nacional e a expansão européia fundam o universalismo europeu<!--[if 
!supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]--> com o 
qual começamos a romper, lentamente e pontualmente, na 
contemporaneidade.
            Os mitos modernos começam 
a ajudar a compreender as bases das sociedades de exploração de recursos e 
pessoas que se constroi a partir de então. Boaventura de Souza Santos<!--[if 
!supportFootnotes]-->[4]<!--[endif]--> 
menciona estes mitos: o selvagem; o oriental e a natureza separada do ser 
humano. Como visto, destes mitos, que sustentam a exploração da riqueza das 
Américas pelos invasores europeus que não consideram os selvagens (os povos 
originários) como pessoas, a separação do homem da natureza é um dos fundamentos 
ideológicos do sistema que perdura até hoje: a natureza, vista como algo 
separado de nós racionais, serve para ser explorada pelos homens, abastecendo a 
sociedade humana e sua indústria de todos os recursos que estes 
necessitarem.
            Uma característica 
essencial do estado moderno que deve ser levada em consideração para a 
compreensão do sistema é o fato deste estado se constituir a partir da afirmação 
do poder do Rei diante de dois poderes que ocupam espaços territoriais 
distintos: o império com grande dimensão territorial e o poder local dos 
senhores feudais. A lógica que sustenta a idéia de soberania externa 
(independência) e soberania interna (supremacia de poder) tem uma característica 
hegemônica uniformizadora que sustenta a extinção de diversos povos e diversas 
culturas, assim como a submissão (temporária ao que parece) de diversas outras 
culturas.
            Para que o poder do estado 
nacional seja reconhecido ele necessita da uniformização de comportamentos da 
sua população. O estado moderno expulsa os mais diferentes<!--[if 
!supportFootnotes]-->[5]<!--[endif]--> e 
uniformiza valores e comportamentos dos menos diferentes. Assim, para que todos 
os grupos étnicos do nascente Estado Espanhol reconheçam a autoridade do Rei, 
este não pode se identificar diretamente com nenhum destes 
grupos.
            O Estado moderno que surge 
na Europa se pretende hegemônico (superior) em relação ao outro (estrangeiro) e 
reproduz internamente a lógica hegemônica e intolerante com o diferente uma vez 
que há sempre a dominação de um grupo étnico sobre os demais.<!--[if 
!supportFootnotes]-->[6]<!--[endif]-->
            A lógica que permanece 
deste Estado e do Direito por ele produzido é logo hegemônica e uniformizadora, 
subordinando pela força e pela ideologia todos que resistirem a sua supremacia. 
A ordem internacional também seguiu este modelo o que aparece expresso no 
Tratado de Versalhes e na Carta das Nações Unidas quando esta se refere ao 
Conselho de Tutela. Da mesma forma o direito comunitário (que seria uma novidade 
do pós-guerra) também reproduz o mesmo modelo hegemônico ao impor um sistema 
econômico especifico fundado em um direito de propriedade uniformizador que 
ignora as imensas diversidades dos diversos grupos étnicos que habitam o 
continente europeu.
            Algumas 
premissas:
a) O estado 
moderno, hegemônico e uniformizador é essencialmente violento. Este estado 
depende das forças armadas e da policia para sobreviver, instituições que serão 
desenvolvidas e profissionalizadas durante os últimos 500 
anos.
b) O modelo 
hegemônico interno cria as bases da economia capitalista. A moeda nacional, os 
bancos nacionais e o aparato repressivo do estado sustentam a economia 
interna.
c) Este estado 
reproduz externamente a lógica hegemônica interna e a sua economia interna 
ultrapassa suas fronteiras em uma busca por recursos naturais, humanos e 
mercados por meio da conquista militar.
Ou seja, a 
economia de exploração da natureza e das pessoas dos últimos quinhentos anos se 
baseou na conquista e ocupação militar de todo o planeta pelos europeus. A 
guerra permitiu a conquista de territórios de onde foram extraídos (e ainda são) 
os recursos naturais que permitem toda a expansão industrial e tecnológica. 
Desde o ouro e da prata da América ao coltan (combinação de dois minerais 
utilizados na fabricação de aparelhos celulares) da África, o sistema 
exploratório de recursos naturais por meio da guerra continua em ação, em larga 
escala.
AS GUERRAS MUNDIAIS NO SÉCULO XX E A 
EXPANSÃO DO CAPITALISMO
            A Revolução Industrial 
gerou uma expansão econômica sem precedentes. Esta expansão, entretanto, não 
proporcionou uma melhoria uniforme do nível de vida da população. Enormes 
diferenças sociais criaram cidades industriais inchadas e desiguais. O fruto da 
expansão foi apropriado por poucos, os mesmos poucos que se utilizaram da 
estrutura do Estado para garantir a segurança de sua riqueza acumulada e agora 
necessitam do aparato militar estatal para expandir seus negócios em busca de 
mão-de-obra barata, novos mercados e recursos naturais. As guerras mundiais 
foram resultados da expansão econômica do século XIX, onde as potencias 
econômicas competiam por espaço.
            Dentro deste contexto 
devemos entender o nazismo e o fascismo italiano e seus similares em outros 
países, especialmente no Japão.
No início do 
século XX havia uma competição por espaço, entre as seis grandes economias 
nacionais do planeta (e obvio as empresas nacionais destes países). De um lado 
Estados Unidos, Reino Unido e França com muito espaço para exploração de 
recursos naturais, mão-de-obra e mercados (nas suas muitas colônias) e de outro 
lado potências industriais importantes (Alemanha era a segunda maior economia 
industrial em 1910) em busca do mesmo espaço (Alemanha, Japão e 
Itália).
A primeira e a 
segunda guerra mundial foram frutos do imperialismo do século XIX e da 
acomodação de áreas de influência e exploração das grandes potências 
industriais. Assim Alemanha, Inglaterra e Japão (representados pelos interesses 
de seus empresários e de sua elite política a estes ligados) buscavam os espaços 
que, por sua vez, Estados Unidos, Reino Unido e França já haviam tomado.<!--[if 
!supportFootnotes]-->[7]<!--[endif]--> Este 
conflito entre potencias industriais capitalistas em nível global é 
provisoriamente resolvido com o cenário de pós-guerra, onde agora era necessária 
uma Europa ocidental, unida sob o domínio estadunidense, capaz de barrar a 
expansão do socialismo no leste europeu sob a influência 
soviética.
Os inimigos da 
segunda guerra se encontram até hoje unidos no grupo dos sete grandes. 
Exatamente os mesmos: Estados Unidos; Reino Unido; França; Alemanha; Itália e 
Japão, acrescentando o Canadá que na época era formalmente colônia 
britânica.
A GUERRA COMO NECESSIDADE PARA A 
EXPANSÃO ECONÔMICA: ONTEM E HOJE
            Assim, a expansão 
econômica industrial capitalista da Europa necessitou, e obviamente, ainda 
necessita da guerra e da dominação ideológica, para sua 
expansão.
            São vários os exemplos 
históricos que comprovam a hipótese levantada:
<!--[if !supportLists]-->a)    
<!--[endif]-->A exploração da prata; do cobre e do 
ouro na América para o financiamento do Império 
espanhol;
<!--[if !supportLists]-->b)    
<!--[endif]-->A formação do território dos Estados 
Unidos da América com a invasão das terras dos povos originários e invasão e 
anexação de parte do território mexicano rico em 
petróleo;
<!--[if !supportLists]-->c)    
<!--[endif]-->A exploração do ouro de Minas Gerais 
enviado para Portugal que ajudou a financiar a revolução industrial na 
Inglaterra;
<!--[if !supportLists]-->d)    
<!--[endif]-->A expansão territorial alemã em busca 
de recursos naturais negados àquele país e aos seus industriais pelo tratado de 
Versalhes;
<!--[if !supportLists]-->e)    
<!--[endif]-->A expansão territorial japonesa sobre 
a Coréia e China em busca de espaço e recursos naturais para sua 
indústria;
<!--[if !supportLists]-->f)     
<!--[endif]-->A invasão e repartição da África 
em muitos 
Estados  artificiais para a exploração de seus enormes recursos 
naturais;
<!--[if !supportLists]-->g)    
<!--[endif]-->A invasão e repartição do Oriente 
Médio em diversos 
Estados  artificiais títeres para a exploração continua dos seus 
recursos naturais;
<!--[if !supportLists]-->h)   
<!--[endif]-->Mais recentemente a invasão do Iraque 
em busca do petróleo que trouxe um enorme peso ambiental com a queima de 
reservas de óleo.
Poderíamos aqui 
citar páginas e páginas de relatos de fatos ocorridos nos últimos quinhentos 
anos de hegemonia européia, que trouxe consigo a economia capitalista e a 
acelerada degradação ambiental. Capitalismo, guerra, degradação ambiental na era 
europeia andam juntas e inseparáveis. A paz parece impossível no sistema 
vigente. Mesmo que os conflitos tradicionais de guerras entre estados nacionais 
e exércitos fardados tendam desaparecer, estes cederam lugar a outras formas de 
guerra: guerras civis (como na Colômbia); movimentos guerrilheiros (movimento 
Zapatista no México); ações terroristas (Al Qaeda); guerrilha urbana e conflitos 
religiosos (Iraque); guerra não convencional (Afeganistão); conflitos urbanos, 
tráfico de drogas, criminalidade organizada ou não organizada (nas metrópoles do 
mundo).
Se a 
mundialização do sistema capitalista sustentada por uma questionável democracia 
representativa liberal vai tornando desnecessária a guerra por recursos naturais 
entre estados nacionais, o sistema econômico global, pela engrenagem 
demonstrada, necessita do conflito armado para manter os recursos, conquistar 
novos e manter a cada vez maior massa de excluídos sob 
controle.
A IDEOLOGIA SUBSTITUI A 
GUERRA?
Como 
dito acima, os conflitos armados convencionais<!--[if 
!supportFootnotes]-->[8]<!--[endif]--> entre 
estados nacionais têm diminuído. Isto se explica pelo fato da expansão da 
democracia liberal e a globalização da economia. O fato é que, a guerra entre 
estados nacionais de democracia liberal e economia capitalista foi substituída 
por um eficiente controle ideológico fundado na legitimidade de democracias 
representativas liberais comprometidas pelo financiamento privado de campanha; 
corrupção generalizada e desinformação gerada por uma imprensa concentrada nas 
mãos de conglomerados econômicos. As decisões são aparentemente democráticas por 
que tomadas por governos eleitos que governam com maioria da opinião 
pública.
Luis 
Barrios<!--[if 
!supportFootnotes]-->[9]<!--[endif]--> cita 
dois exemplos entre vários que ilustram o que dissemos acima. O pesquisador 
aborda no seu artigo a exportação de riscos ambientais para os países 
economicamente mais frágeis e com democracias liberais representativas, enquanto 
os vultosos lucros permanecem nos países hegemônicos (especialmente Europa 
ocidental e o ocidente americano – EUA e Canadá).
O 
primeiro caso ocorre no Uruguai a partir de 1998. Seguindo o que vem ocorrendo 
no Chile, Brasil, Paraguai e Argentina, o governo eleito do Uruguai admite 
receber investimentos de empresas européias (no caso a ENCE espanhola e a 
METSÄ-BOTNIA finlandesa) para reflorestamento com fins de produção de papel. 
Entre os argumentos que fundamentam a propaganda, capaz de ganhar a simpatia da 
opinião pública sustentando assim a tomada de decisão do governo, estão os 
tratados de proteção de investimentos e o comércio do carbono instalado sob a 
proteção dos “mecanismos de desenvolvimento limpo” do protocolo de Kyoto. Estes 
tratados de proteção de investimento, segundo no informa Luis Barrios, têm a 
força de neutralizar a mobilização social que ocorre com o deslocamento de 
culturas tradicionais e expulsão de comunidades étnicas para naquelas terras 
plantar eucaliptos e pinhos. O mais absurdo é o fato destas plantações serem 
certificadas como bosques pelo Conselho de Manejo Florestal (Forest Stewardship 
Council), gerando, portanto, autorizações para continuar emitindo gases estufa 
nos países de origem dos donos das plantações. Em 2005 uma empresa Sueca 
(STORA-ENSO) iniciou a formação de seu parque florestal no Uruguai com a 
pretensão de comprar 90.000 hectares  para plantar 
pinho e eucalipto e instalar uma fábrica de papel às margens de um dos 
principais afluentes do Rio Uruguai.
Esta 
prática de exportação de risco ambiental transferindo para os países 
considerados “subdesenvolvidos econômicos” (e para os europeus subdesenvolvidos 
sociais, culturais e políticos) os processos mais danosos de produção do papel 
não é o único exemplo:
“Os 
danos causados pelas explorações mineiras a céu aberto no Peru, Chile e 
Argentina; a instalação de indústrias químicas que lançam seus dejetos 
contaminadores em rios e terras ou os armazenam nas próprias fábricas; a invasão 
de culturas transgênicas no Brasil, Paraguai e Argentina, seguidas das 
correspondentes propagandas de presentes de semeadoras de segunda geração; o 
assédio das reservas de água doce, em particular as do lençol subterrâneo 
Guarani; a privatização de reservas naturais com o objetivo de criar novas 
espécies geradoras de patentes nanotecnológicas; a exportação de lixo tóxico de 
origens distintas. Enfim, uma lista interminável de decisões de risco e de 
perigosos empreendimentos em curso.”<!--[if 
!supportFootnotes]-->[10]<!--[endif]-->
            
Todas estas ações são tomadas hoje por governos eleitos que se sustentam em uma 
opinião pública tomada pela ideologia (crença) de que a prosperidade do mercado 
com os investimentos estrangeiros impulsionarão a equidade social, proteção 
ambiental e segurança coletiva.<!--[if 
!supportFootnotes]-->[11]<!--[endif]--> A 
silenciosa aceitação da opinião pública de constantes ações tomadas por governos 
eleitos contra os interesses dos eleitores é tema que necessita ser pesquisado e 
minuciosamente analisado. Os exemplos são muitos.
“Entre 
1998 e 1999, 600 toneladas de sementes de algodão contaminadas, uns 
4.000 
kg  de pesticidas e quantidades indeterminadas de uma 
bactéria fungicida, tudo fora de uso, foram jogadas em uma localidade próxima à 
cidade de Ybicuí, distante 120 
Km  da capital do Paraguai. Os dejetos tóxicos provinham 
dos Estados Unidos e pertenciam à empresa industrial química DELTA & PINE 
LAND Co. O caso foi relatado e documentado pelo jornalista Carlos Amorim, 2003, 
“As sementes da morte”. Desde novembro de 1998, o Paraguai era signatário da 
Convenção de Rotterdam. Além da óbvia toxidade de todo o carregamento, algumas 
das substâncias trazidas e jogadas nas proximidades de Ybicuí estavam 
explicitamente na lista de circulação controlada (PIC). O tratamento abertamente 
cúmplice que as autoridades paraguaias deram ao ilícito depois da primeira morte 
causada pelos dejetos é revelador da falta de defesa em que se encontram as 
populações do mundo subdesenvolvido quando se trata de enfrentar ilícitos por 
contaminação de poderosas transnacionais que negociam, diretamente com os 
governos e com particulares sem escrúpulos”.
Importante notar 
que o Paraguai era, nesta ocasião, mais uma recente democracia liberal 
representativa com meios de comunicação concentrados como ocorre em muitos 
outros exemplos.
CAPITALISMO E A PRIVATIZAÇÃO DA 
GUERRA.
            A guerra hoje não é apenas 
uma necessidade do sistema econômico em busca de recursos naturais e de sua 
manutenção. A indústria armamentista se tornou um grande negócio que se alimenta 
da guerra. A engrenagem se tornou mais complexa uma vez que a guerra não é 
apenas uma necessidade para possibilitar acesso a recursos, mas mesmo que não se 
necessite de recursos, mesmo que estes recursos estejam militarmente ou 
ideologicamente assegurados, a guerra se justifica pela necessidade de venda de 
produtos para a guerra. É a guerra pela guerra.
            Não só a indústria 
armamentista se alimenta da guerra, mas todo um setor de serviços privados foi 
criado para possibilitar a guerra. Neste momento a engrenagem se ajusta: ações 
militares em busca de recursos; ações militares para manutenção dos recursos 
conquistados; ações militares para reprimir os excluídos do sistema econômico; 
ações militares para gastar os produtos da indústria bélica e finalmente ações 
militares para empregar os serviços privados de guerra.
            Os exemplos também são 
fartos e basta prestar atenção aos jornais diários especialmente nos conflitos 
constantes no continente africano.
DIREITO A PAZ, JUSTIÇA E FIM DA 
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL: UMA POSSIBILIDADE JURÍDICA CONSTITUCIONAL 
PÓS-MODERNA?
A superação da modernidade européia 
parece cada vez mais visível. A uniformização do direito e do comportamento que 
sustentam a globalização de um sistema econômico egoísta e excludente é a marca 
desta modernidade. Foram quinhentos anos de opressão; violência e exploração 
sistemática e continua da natureza. A natureza, nestes séculos, tem sido vista 
como dissociada da sociedade humana, servindo para abastecer, esta sociedade, de 
“recursos” necessários para alimentar o desejo incontrolável de consumo de bens, 
de produtos.
Este sistema criou subjetividades, 
formas de ver, viver e compreender o mundo, subjetividades estas que aprisionam 
o ser humano em um sistema que se alimenta no desejo por bens de consumo. A 
competição e o individualismo foram naturalizados.
Como romper com a ideologia hegemônica 
na qual boa parte da população do planeta se encontra 
mergulhada.
Se cada um tem um papel no processo de 
revolução social, aqueles que estudam a realidade social podem ajudar a 
desvendar, a revelar os processos escondidos pelo discurso ideológico 
hegemônico.
Um dos movimentos mais interessantes 
que têm a capacidade de romper com as bases ideológicas da modernidade (que 
sustenta o estado moderno do qual o capitalismo carece) é a rica experiência do 
estado plurinacional na Bolívia e Equador.
A idéia de Estado Plurinacional pode 
superar as bases uniformizadoras e intolerantes do Estado nacional, onde todos 
os grupos sociais devem se conformar aos valores determinados na constituição 
nacional em termos de direito de família, direito de propriedade e sistema 
econômico entre outros aspectos importantes da vida social. Como vimos 
anteriormente o Estado nacional nasce a partir da uniformização de valores com a 
intolerância religiosa.
A partir da constitucionalização e sua 
lenta democratização (em geral, ainda de bases liberais meramente 
representativas) não se poderia mais admitir a construção da identidade nacional 
com base em uma única religião que uniformizasse o comportamento no plano 
econômico (direito de propriedade) e no plano familiar (direito de família). 
Tornou-se necessário construir uma outra justificativa e um outro fator 
agregador que permitisse que os diversos grupos sociais presentes no Estado 
moderno pudessem se reconhecer e a partir daí reconhecer o poder do Estado como 
legitimo.
A Constituição irá cumprir está 
função. Inicialmente não democrático, o constitucionalismo irá uniformizar 
(junto com o direito civil) as bases valorativas desta sociedade nacional, 
criando um único direito de família e um único regime de propriedade que 
sustentaria o sistema econômico. Isto ocorreu em qualquer dos tipos 
constitucionais: liberal; social ou socialista.
A uniformização de valores e 
comportamentos, especialmente na família e na forma de propriedade exclui 
radicalmente grupos sociais (étnicos e culturais) distintos que, ou se enquadram 
ou são jogados, aos milhões, para fora desta sociedade constitucionalizada 
(uniformizada). O destino destes povos é a alienação, o aculturamento e a perda 
de raízes ou então a miséria, os presídios ou os manicômios.
A lógica do Estado nacional, agora 
constitucionalizado e mesmo “democratizado”, sustenta esta uniformização. A 
ideologia que justifica tudo isto é a existência de um suposto “pacto social” ou 
“contrato social”, ou qualquer outra ideia que procura identificar nas bases 
destas sociedades um suposto acordo uniformizador. Nas Américas seria admitir 
que as populações originárias tivessem aberto mão de sua história e cultura para 
assumir o direito de família e o direito de propriedade do invasor europeu, que 
continuou no poder com seus descendentes brancos a partir dos processos de 
independência no século XIX.
A grande revolução do Estado 
Plurinacional é o fato que este Estado plural, democrático participativo e 
dialógico pode finalmente romper com as bases teóricas e sociais do Estado 
nacional constitucional e democrático representativo (pouco democrático e nada 
representativo dos grupos não uniformizados), uniformizador de valores e logo 
radicalmente excludente.
O Estado plurinacional reconhece a 
democracia participativa como base da democracia representativa e garante a 
existência de formas de constituição da família e da economia segundo os valores 
tradicionais dos diversos grupos sociais (étnicos e culturais) 
existentes.
“Sin embargo, no se toma en cuenta que los grupos étnicos no luchan 
simplemente por parcelas de tierras cultivables, sino por un derecho histórico. 
Por lo mismo se defienden las tierras comunales y se trata de preservar las 
zonas de significado ecológico-cultural.”<!--[if 
!supportFootnotes]-->[12]<!--[endif]-->
Certamente este Estado joga por terra 
o projeto uniformizador do Estado moderno que sustenta a sociedade capitalista 
como sistema único fundado na falsa naturalização da família e da propriedade e 
mais tarde da economia liberal.
Nas palavras de Ileana 
Almeida:
“Al funcionar el Estado como representación de una nación única cumple 
también su papel en el plano ideológico. La privación de derechos políticos a 
las nacionalidades no hispanizadas lleva al desconocimiento de la existencia 
misma de otros pueblos y convierte al indígena en victima del racismo. La 
ideología de la discriminación, aunque no es oficial, de hecho está generalizada 
en los diferentes estratos étnicos. Esto empuja a muchos indígenas a abandonar 
su identidad y pasar a formar filas de  la nación ecuatoriana aunque, por lo 
general, en su sectores más explotados.”<!--[if 
!supportFootnotes]-->[13]<!--[endif]-->
            A Constituição da Bolívia, 
na mesma linha de criação de um Estado Plurinacional dispõe sobre a questão 
indígena em cerca de 80, dos 411 artigos. Pelo texto, os 36 “povos originários” 
(aqueles que viviam na Bolívia antes da invasão dos europeus), passam a ter 
participação ampla e efetiva em todos os níveis do poder estatal e na economia. 
Com a aprovação da nova Constituição, a Bolívia passou a ter uma cota para 
parlamentares oriundos dos povos indígenas, que também passarão a ter 
propriedade exclusiva sobre os recursos florestais e direitos sobre a terra e os 
recursos hídricos de suas comunidades. A Constituição estabelece a equivalência 
entre a justiça tradicional indígena e a justiça ordinária do país. Cada 
comunidade indígena poderá ter seu próprio “tribunal”, com juízes eleitos entre 
os moradores. As decisões destes tribunais não poderão ser revisadas pela 
Justiça comum.
Outro aspecto importante é o fato da 
descentralização das normas eleitorais. Assim os representantes dos povos 
indígenas poderão ser eleitos a partir das normas eleitorais de suas 
comunidades.
A Constituição ainda prevê a criação 
de um Tribunal Constitucional plurinacional, com membros eleitos pelo sistema 
ordinário e pelo sistema indígena.
A nova Constituição democrática 
transforma a organização territorial do país. O novo texto prevê a divisão em 
quatro níveis de autonomia: o departamental (equivalente aos Estados 
brasileiros), o regional, o municipal e o indígena. Pelo projeto, cada uma 
dessas regiões autônomas poderá promover eleições diretas de seus governantes e 
administrar seus recursos econômicos.
O projeto constitucional avança ainda 
na construção do Estado Plurinacional ao acabar com a vinculação do estado com a 
religião (a religião católica ainda era oficial) transformando a Bolívia 
em um Estado  
laico (o que o Brasil é desde 1891).
Outro aspecto importante é o 
reconhecimento de várias formas de constituição da família.
Além de importante instrumento de 
transformação social, garantia de direitos democráticos, sociais, econômicos 
plurais, e pessoais diversos, a Constituição da Bolívia é um modelo de 
construção de uma nova ordem política, econômica e social internacional. É o 
caminho para se pensar em um 
Estado  democrático e social de direito 
internacional.
Citando 
novamente Ileana Almeida:
“En contra de lo que podría pensarse, el reconocimiento de la 
especificidad étnica no fracciona la unidad de las fuerzas democráticas que se 
alinean en contra del imperialismo. Todo lo contrario, mientras más se 
robustezca la conciencia nacional de los diferentes grupos, más firme será la 
resistencia al imperialismo bajo cualquiera de sus formas (genocidio, imposición 
política, religiosa o cultural) y, sobre todo, la explotación 
económica”.<!--[if 
!supportFootnotes]-->[14]<!--[endif]-->
            A América Latina (melhor 
agora a América Plural), que nasce renovada nestas democracias dialógicas 
populares, se redescobre também indígena, democrática, economicamente 
igualitária e socialmente e culturalmente diversa, plural. Em meio à crise 
econômica e ambiental global, que anuncia o fim de uma época de violências, 
fundada no egoísmo e na competição a nossa América anuncia finalmente algo de 
novo, democrático e tolerante, capaz de romper com a intolerância unificadora e 
violenta de quinhentos anos de Estado nacional.
CONCLUSÕES
            Para a compreensão da 
grande contribuição do Estado Plurinacional e do constitucionalismo boliviano e 
equatoriano para a construção de um novo paradigma democrático de Estado que 
supere os 500 anos de estado nacional precisamos pontuar algumas 
questões:
<!--[if !supportLists]-->a)    
<!--[endif]-->O estado moderno surge a partir da 
afirmação de uma esfera territorial intermediária de poder: o poder dos reis 
entre o poder dos impérios (multi-étnico e descentralizado) e o poder dos 
senhores feudais (local e fragmentado);
<!--[if !supportLists]-->b)    
<!--[endif]-->Para que o poder deste novo estado 
fosse reconhecido foi necessário construir uma nacionalidade por sobre as 
nacionalidades pré-existentes. Assim foi inventado o espanhol como uma 
identidade por sobre as identidades anteriores de castelhanos, galegos, bascos, 
catalães e outros, processo que se repetiu em escalas diferentes na França, 
Portugal, Reino Unido e vários outros estados nacionais que se formaram nos 
últimos quinhentos anos;
<!--[if !supportLists]-->c)    
<!--[endif]-->Este estado nacional uniformiza 
valores por meio, inicialmente, da religião. A partir daí é gradualmente 
construído todo um aparato burocrático que permitirá o desenvolvimento do 
capitalismo: o povo nacional, a moeda nacional, os bancos nacionais, os 
exércitos nacionais (fundamental para a expansão européia em busca de recursos 
para o desenvolvimento de sua economia) e a polícia (fundamental para o controle 
e repressão dos pobres excluídos do sistema econômico 
desigual);
<!--[if !supportLists]-->d)    
<!--[endif]-->Desde então, este modelo uniformizador 
vem se reproduzindo, até mesmo nas novas formas descentralizadas de estado como 
os estados federais, os estados regionais e o estado autonômico espanhol. Nestes 
estados, mesmo se reconhecendo a diversidade cultural e lingüística, a base 
uniformizadora do direito de propriedade (que sustenta um sistema econômico 
único) e o direito de família (que sustenta os valores deste sistema econômico) 
permanecem mais ou menos intactas, mas sólidas;
<!--[if !supportLists]-->e)    
<!--[endif]-->A uniformização econômica fundada na 
uniformização do direito de família e do direito de propriedade permanece também 
em novas formas jurídicas como, por exemplo, o direito comunitário 
europeu;
<!--[if !supportLists]-->f)     
<!--[endif]-->A base ideológica moderna permanece 
intocável, mesmo com todas as conquistas de direitos constitucionalizados: o 
estado permanece uniformizador, excludente, fundado sobre uma economia 
capitalista que necessita de “recursos naturais” para abastecer a sede de 
consumo alimentada pela ideologia hegemônica.
<!--[if !supportLists]-->g)    
<!--[endif]-->Nas Américas os estados nacionais 
tiveram um processo de formação diferenciado: enquanto na Europa os mais 
diferentes foram excluídos fisicamente (muçulmanos e judeus) e os menos 
diferentes foram uniformizados (os grupos étnicos internos), na América os 
estados formados que se tornaram independentes nos séculos XVIII e XIX, foram 
construídos pelos descendentes dos europeus para os homens brancos descendentes 
dos europeus. Os povos originários, chamados de índios pelos invasores europeus, 
foram radicalmente excluídos da ordem jurídica constitucional nascente, assim 
como os imigrantes forçados da África que tiveram suas vidas 
escravizadas;
<!--[if !supportLists]-->h)   
<!--[endif]-->Assim surgiram nas Américas, estados 
nacionais para 20% (este é um número simbólico uma vez que encontramos estados 
que até hoje a exclusão supera este número). Nos Estados Unidos a população 
carcerária<!--[if 
!supportFootnotes]-->[15]<!--[endif]--> já 
atinge 2.750.000 pessoas (dois milhões setecentos e cinqüenta mil pessoas) sendo 
que destes, 80% são negros e hispânicos. Só de homens negros são 800 mil presos 
e mulheres negras 75 mil presas.<!--[if 
!supportFootnotes]-->[16]<!--[endif]--> Este 
fenômeno se repete em toda a América. No Brasil só os pobres e miseráveis são 
presos. A maioria dos povos originários na Bolívia, Equador e Chile foram 
radicalmente excluídos e só agora com governos democráticos finalmente eleitos 
(Evo Morales na Bolívia; Rafael Correa no Equador e Michelle Bachelet no Chile) 
a situação começou a mudar;
<!--[if !supportLists]-->i)     
<!--[endif]-->A onda democrática na América Latina 
trouxe uma importante novidade: a previsão de um estado plurinacional, onde cada 
grupo étnico poderá manter o seu próprio direito de família e o seu próprio 
direito de propriedade, mantendo ainda tribunais para resolver as questões 
nestas esferas;
<!--[if !supportLists]-->j)      
<!--[endif]-->Esta novidade pode finalmente 
representar uma ruptura com 500 anos de hegemonia do paradigma do estado 
nacional que representa a hegemonia européia;
<!--[if !supportLists]-->k)    
<!--[endif]-->Este novo constitucionalismo 
plurinacional pode fundamentar uma nova ordem internacional democrática e logo 
igualitária exigindo a coragem de se romper com o universalismo europeu<!--[if 
!supportFootnotes]-->[17]<!--[endif]--> que 
gerou os direitos humanos “universais” europeus e uma ordem desigual cultural, 
econômica e social favorável aos estados do norte (Europa ocidental, EUA e 
Canadá) reproduzidos nos textos preconceituosos de suposta superioridade 
européia presentes no Tratado de Versalhes e com fortes resquícios na Carta das 
Nações Unidas (como, por exemplo, no sistema de tutela)
Um novo estado 
democrático plurinacional é possível assim como uma nova ordem mundial e a 
construção de um direito internacional (talvez mundial) democrático deve partir 
da superação das pretensões hegemônicas; das falsas declarações ou suposições 
disfarçadas de superioridade cultural. Uma nova ordem democrática radical pode 
fundamentar a construção de uma nova ordem mundial democrática, sustentável e 
pacífica o que exige a construção de espaços permanentes de diálogo em condições 
reais de igualdade de manifestação, de igualdade de fala na construção de 
consensos. Este novo constitucionalismo democrático latino-americano deve 
fundamentar uma nova ordem mundial democrática o que exige o reconhecimento dos 
novos atores das relações mundiais; de novos sujeitos de um direito 
internacional que, talvez, a partir daí, seja finalmente democrático e deixe de 
ser meramente internacional, mas efetivamente mundial.
<!--[if !supportFootnotes]-->
<!--[endif]-->
<!--[endif]-->
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> 
- Doutor em Direito 
Constitucional.  Professor  da UFMG e PUC-MG, 
nos cursos de graduação e pós-graduação.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[2]<!--[endif]--> 
Quando nos referimos a Europa hegemônica hoje nos referimos ao ocidente ou a 
OTAN: Europa ocidental, Estados Unidos e Canadá.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]--> 
WALERNSTEIN, Immanuel. O universalismo europeu, São Paulo : Editora Boitempo, 
2008.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[4]<!--[endif]--> 
SOUZA SANTOS, Boaventura de. A Gramática do Tempo – para uma nova cultura 
política, São Paulo: Editora Cortez, 2006, pp. 181-190.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[5]<!--[endif]--> 
Tomando como exemplo a Espanha os mais diferentes expulsos são os muçulmanos e 
judeus e os menos diferentes uniformizados são os diversos grupos étnicos 
cristãos ibéricos.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[6]<!--[endif]--> 
São vários os exemplos ainda hoje: castelhanos sobre bascos, catalães, galegos e 
andaluzes na Espanha; ingleses sobre escoceses, galeses e irlandeses no Reino 
Unido seguindo-se esta lógica em vários outros estados (Itália, França, etc). 
Alguns estados onde a hegemonia é menos clara as tensões também existem. A 
Bélgica, tenta solucionar, as hegemonias históricas de franceses e flamengos, 
com um federalismo assimétrico de grande complexidade.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[7]<!--[endif]--> 
Obviamente não ignoramos as potências medianas que também participaram da 
divisão global dos recursos com força diferenciada em momentos diferentes como 
Portugal; Espanha; Holanda; Bélgica entre outros.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[8]<!--[endif]--> 
Como dito, isto não significa dizer que a violência e os conflitos armados não 
convencionais tenham diminuído.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[9]<!--[endif]--> 
BARRIOS, Luis. “O difícil diálogo entre estratificação social e a sociedade do 
risco” in  VARELLA, Marcelo Dias (organizador) Direito, Sociedade e Riscos – a 
sociedade contemporânea vista a partir da idéia de risco, Brasília: Uniceub; 
Unitar, 2006.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[10]<!--[endif]--> 
BARRIOS, Luis. “O difícil diálogo entre estratificação social e a sociedade do 
risco” in  VARELLA, Marcelo Dias (organizador) Direito, Sociedade e Riscos”, ob. 
Cit. Paginas 235-236.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[11]<!--[endif]--> 
Trabalhei em diversos textos de minha autoria a questão da ideologia e do 
encobrimento do real.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[12]<!--[endif]--> 
ALMEIDA, Ileana. El 
Estado Plurinacional – valor histórico y libertad política para los indígenas 
ecuatorianos. Quito : Editora Abya Yala, ,2008, p. 28.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[13]<!--[endif]--> 
ALMEIDA, Ileana. El 
Estado Plurinacional – valor histórico y libertad política para los indígenas 
ecuatorianos; ob.cit. p. 28.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[14]<!--[endif]--> 
ALMEIDA, Ileana. El 
Estado Plurinacional – valor histórico y libertad política para los indígenas 
ecuatorianos; p. 29.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[15]<!--[endif]--> 
- Em contato com o sistema penal, aí incluídos a probation e a 
parole, são mais de 4 milhões de pessoas, de acordo com Virgílio de 
Mattos.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[16]<!--[endif]--> 
WACQUANT, Loïc. As duas faces do gueto, Editora Boitempo, São Paulo, 
2008.
<!--[if 
!supportFootnotes]-->[17]<!--[endif]--> 
WALLERNSTEIN, Immanuel. O universalismo europeu – a retórica do poder. São 
Paulo:  Editora Boitempo, 2007.
Imagem da campanha da Duloren, lançada em março 
(Foto: Divulgação)