domingo, 27 de abril de 2014

PORQUE A PONDERAÇÃO E A SUBSUNÇÃO SÃO INCONSISTENTES

Porque a ponderação e a subsunção são inconsistentes

 
Todos sabem que há muito abandonei o neoconstitucionalismo (ver aqui). Tenho referido que o neoconstitucionalismo brasileiro, com raras exceções[1], representa, apenas, a superação do positivismo tradicional, na medida em que nada mais faz do que afirmar as críticas antiformalistas deduzidas pelos partidários da escola do Direito livre, da jurisprudência dos interesses e daquilo que é a versão mais contemporânea desta última, da jurisprudência dos valores. Minhas críticas ao neoconstitucionalismo valem para as teorias da argumentação e às posturas que professam voluntarismos e defendem o poder discricionário dos juízes.
Com efeito, a partir de campos diferentes do conhecimento, é possível separar o velho e o novo no Direito. Em outras palavras, se não há segurança para apontar as características de uma teoria efetivamente pós-positivista e coerente com o que denomino de Constitucionalismo Contemporâneo — fórmula com a qual substituí o neoconstitucionalismo — há, entretanto, condições para que se possa dizer “o que não é” e “o que não serve” para a contemporânea teoria do direito, mormente em países com sistemas e ordenamentos jurídicos complexos.
De todo modo, vale a pena insistir nos pontos de convergência das teorias críticas e/ou que se pretendem pós-positivistas: diante dos fracassos do positivismo tradicional, a partir da busca da construção de uma autônoma razão teórica, as diversas posturas críticas buscaram, sob os mais diversos âmbitos, (re)introduzir os “valores” no Direito. Assim, por exemplo, diante de uma demanda por uma tutela que esteja relacionada com a vida, com a dignidade da pessoa, enfim, com a proteção dos direitos fundamentais, o que fazer? Qual é a tarefa do jurista?
Definitivamente, o novo constitucionalismo — seja qual for o seu (mais adequado) sentido — não trouxe a indiferença. Na verdade, houve uma pré-ocupação de ordem ético-filosófica: a de que o Direito deve se ocupar com a construção de uma sociedade justa e solidária. Em outras palavras, o desafio do Estado Constitucional (lato sensu) tem sido o seguinte: como fazer com que o Direito não fique indiferente às injustiças sociais? Como fazer com que a perspectiva moral de uma sociedade que aposte no Direito como o lugar da institucionalização do ideal da vida boa não venha pretender, em um segundo, “corrigir” a sua própria condição de possibilidade, que é o direito que sustenta o Estado Democrático?
Vejamos isso. O tão decantado “neoconstitucionalismo” deveria ser sinônimo de “novo paradigma”. Isto porque o Direito — do paradigma exsurgido no segundo pós-guerra — deixa de ser meramente regulador para assumir uma feição de transformação das relações sociais, circunstância que pode ser facilmente constatada a partir do exame dos textos constitucionais surgidos nesse período.
Com a desconfiança em relação ao legislativo (e às mutações produzidas pelas maiorias incontroláveis), passou-se a apostar em uma matriz de sentido dotada de garantias contra essas maiorias eventuais (ou não). Fazer democracia a partir do e pelo Direito parece que passou a ser o lema dos Estados Democráticos. Isso implicou – e continua a implicar – mudanças de compreensão: como olhar o novo com os olhos do novo?
Pois bem. Quais seriam os elementos caracterizadores desse fenômeno (que uma das vertentes denominou de “neoconstitucionalismo”)? Seria uma espécie de positivismo sofisticado? O “neoconstitucionalismo” teria características de continuidade e não de ruptura?
Não há suficiente clareza nas diversas teses acerca do significado do “neoconstitucionalismo”. De todo modo, vale lembrar que o neoconstitucionalismo tem sido teorizado sob os mais diferentes enfoques. Écio Oto, de forma percuciente, faz uma descrição das principais propriedades/características desse fenômeno.[2] Essa “planta” do neoconstitucionalismo também possui, de um modo ou de outro, a assinatura de autores como Susanna Pozzolo, Prieto Sanchís, Sastre Ariza, Paolo Comanducci, Ricardo Guastini, com variações próprias decorrentes das matrizes teóricas que cada um segue (no Brasil Luis Roberto Barroso, Daniel Sarmento, entre outros, com os quais mantenho, nesse particular, por sobejas razões, profundas — porém respeitosas — divergências). Analiso, aqui, a problemática a partir de dois pontos. Assim:
a) O neoconstitucionalismo (não) é “pós-positivista”O pós-positivismo deveria ser a principal característica do neoconstitucionalismo. Mas não é. Ou seja, o neoconstitucionalismo somente teria sentido como “paradigma do direito” se fosse compreendido como superador do positivismo ou dos diversos positivismos. Pós-positivismo não é uma continuidade do positivismo, assim como o neoconstitucionalismo não deveria ser uma continuidade do constitucionalismo liberal. Há uma efetiva descontinuidade de cunho paradigmático nessa fenomenologia, no interior da qual os elementos caracterizadores do positivismo são ultrapassados por uma nova concepção de direito. Bem, ao menos isso deveria ser assim.
Penso que o ponto fundamental é que o positivismo nunca se preocupou em responder ao problema central do Direito, por considerar a discricionariedade judicial como uma fatalidade. E isso é imperdoável. A razão prática — locus onde o positivismo coloca a discricionariedade — não poderia ser controlada pelos mecanismos teóricos da ciência do direito. A solução, portanto, era simples: deixemos de lado a razão prática (discricionariedade) e façamos apenas epistemologia (ou, quando esta não dá conta, deixe-se ao alvedrio do juiz — eis o ovo da serpente gestado desde a modernidade).
Este ponto é fundamental para que fique bem claro para onde as teorias do direito auto denominadas pós-positivistas (ou não positivistas, o que dá no mesmo) pretendem apontar sua artilharia: o enfrentamento do problema interpretativo, que é o elemento fundamental de toda experiência jurídica. Isto significa afirmar que, de algum modo, todas as teorias do Direito que se projetam nesta dimensão pós-positivista procuram responder a este ponto; procuram enfrentar o problema das vaguezas e ambiguidades dos textos jurídicos; procuram, enfim, enfrentar problemas próprios da chamada razão prática — que havia sido expulsa do território jurídico-epistemológico pelo positivismo.
Tenho que somente poder ser chamada de pós-positivista uma teoria do Direito que tenha, efetivamente, superado o positivismo, tanto na sua forma primitiva (exegético-conceitual), quanto na sua forma normativista-semântico-discricionária. A superação do positivismo implica enfrentamento do problema da discricionariedade judicial ou, também poderíamos falar, no enfrentamento do solipsismo da razão prática (veja-se a crítica que Habermas faz à razão prática eivada de solipsismo). Implica, também, assumir uma tese de descontinuidade com relação ao conceito de princípio. Ou seja, no pós-positivismo, os princípios não podem mais ser tratados no sentido dos velhos princípios gerais do direito e nem como cláusulas de abertura. Eis o desastre representado, por exemplo, pela LINDB (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro) em terrae brasilis. Que lástima foi a aprovação dessa lei.
b) Ponderações, subsunções e suas impossibilidades filosóficasPois bem. Se o pós-positivismo tem sido considerado como o principal elemento diferenciador/caracterizador do neoconstitucionalismo, a ponderação acabou por se transformar no grande problema e, por assim dizer, em um obstáculo ao próprio neoconstitucionalismo.
O que quero dizer é que o neoconstitucionalismo não pode(ria) e não deve(ria) depender de juízos de ponderação, mormente se percebermos que “ponderação” e “discricionariedade” são faces de uma mesma moeda. Afinal, no modo como a ponderação vem sendo convocada (e “aplicada”) em terrae brasilis, tudo está a indicar que não passa daquilo que Philipp Heck chamava, na Jurisprudência dos Interesses, de Abwägung, que quer dizer “sopesamento”, “balanceamento” ou “ponderação”. Com a diferença de que, na Interessenjurisprudenz, não havia a construção da “regra da ponderação” (claro que essa construção está em Alexy e não nas práticas brasileiras).
Ou seja, na medida em que, nas práticas dos tribunais (assim como na doutrina) de terrae brasilis as “colisões de princípios” são “solucionadas” a partir de uma ponderação “direta”, confrontando um princípio (ou valor ou interesse) com outro, está-se, na verdade, muito mais próximo da velha Interessenjurisprudenz, com fortes pitadas da Wertungsjurisprudenz (jurisprudência dos valores). E, assim, o neoconstitucionalismo acaba revelando traços que dão condições ao desenvolvimento do ativismo judicial,[3] que à diferença do fenômeno da judicialização da política (que ocorre de modo contingencial, isto é, na incompetência dos demais Poderes do Estado), apresenta-se como uma postura judicial para além dos limites estabelecidos constitucionalmente.
Neste contexto, não surpreende que, embora citada e recitada ad nauseam pela doutrina e pelos tribunais, não seja possível encontrar uma decisão sequer aplicando a regra da ponderação. Há milhares de decisões (e exemplos doutrinários) fazendo menção à ponderação, que, ao fim e ao cabo, é transformada em álibi retórico para o exercício dos mais variados modos de discricionarismos e axiologismos. Ou de argumentos meta-jurídicos.
De todo modo, podemos “dar de barato” que a falta de concretização das Constituições programáticas demandou uma reformulação na teoria dos princípios, representada pelo abandono do chamado critério fraco de diferenciação (que considera princípio e regra com a mesma estrutura lógica hipotético-condicional e com diferentes densidades semânticas) para a adoção do critério forte de distinção, onde os princípios assumiam estrutura lógica diferente daquela que identificava a regra. Isso colocou, infelizmente, os princípios sob o manto metodológico da ponderação (enquanto que a regra se mantinha na subsunção — sic!). Permitiu-se, assim, novas possibilidades para os princípios e não demorou muito para que estivéssemos falando em aplicação direta mediante ponderação controlada pela proporcionalidade (sic).
Mas o fato é que esse giro não conferiu ao princípio suficiência ôntica-semântica, além de ter mantido intacto o erro originário: o mundo prático foi jogado para “dentro” do sistema e, a partir dessa operação, foi pensado como tal (como sistema). Ou seja, o mundo prático que é concreto ou, na falta de uma melhor palavra, pragmático, paradoxalmente é retratado ao modo da abstratalidade própria da ideia de sistema. A percepção originária de que os princípios não possuíam densidade semântica conteve, bem ou mal, o avanço — ao menos no início — da “pamprincipiologia”, mas o equívoco no diagnóstico da crise fez com que os princípios elevassem o grau de discricionariedade, decisionismo e arbitrariedade. Facilmente perceptível, assim, o “fator Katchanga Real” que atravessou a aplicação dos princípios.
Em termos práticos (e no interior do pensamento alexiano), a distinção entre regras e princípios perde a função — ao menos no plano de uma teoria do direito calcada em paradigmas filosóficos —, uma vez que não há mais a distinção subsunção-ponderação. E não é assim porque eu quero. Isso é assim porque é impossível sustentar a subsunção no plano dos paradigmas filosóficos pós-giro linguístico. Ao mesmo tempo, isso faz com que a ponderação se transforme em um procedimento generalizado de aplicação do Direito. Desse modo, em todo e qualquer processo aplicativo, haveria a necessidade de uma “parada” para que se efetuasse a ponderação. Nem vou falar aqui da ponderação de regras, por total falta de sentido.
De todo modo, o problema principal da ponderação é a sua filiação ao esquema sujeito-objeto (ou das vulgatas voluntaristas da filosofia da consciência) e a sua dependência da discricionariedade, ratio final. Desse modo, se a discricionariedade é o elemento que sustenta o positivismo jurídico nos hard cases e nas vaguezas e ambiguidades dos textos jurídicos, não parece que a ponderação seja “o” mecanismo que arranque o Direito dos braços do positivismo. Pode até livrá-lo dos braços do positivismo primitivo, mas inexoravelmente o atira nos braços de outra forma de positivismo — axiologista, normativista ou pragmati(ci)sta. Veja-se: a teoria da argumentação, de onde surgiu a ponderação, não conseguiu fugir do velho problema engendrado pelo subjetivismo, a discricionariedade, circunstância que é reconhecida pelo próprio Alexy.[4]
Aliás, quem escolhe os princípios a serem sopesados? Numa palavra: dizer que a ponderação é um elemento caracterizador do neoconstitucionalismo está correto. Mas é exatamente por isso que, nos moldes em que situo o Constitucionalismo Contemporâneo, não há espaço para a ponderação. Em definitivo: a subsunção — admitida para os easy cases — não tem lugar no plano de um paradigma filosófico que ultrapassou o esquema sujeito-objeto. De todo modo, resta uma pergunta: e por que a regra de direito fundamental adscripta (resultado da ponderação) se transforma em uma subsunção de segundo grau ou uma “metassubsunção”?
Na perspectiva do Constitucionalismo Contemporâneo que defendo — portanto, para além das diferentes formas de positivismo —, a juridicidade não se dá nem subsuntivamente, nem dedutivamente. Ela se dá na applicatio, em que interpretar e aplicar não são atos possíveis de cisão. Isso implica afirmar — e superar — a distinção entre easy e hard cases. É sabido que, para as teorias da argumentação, os easy cases são solucionados pela via da subsunção, circunstância que, no limite — como que a repetir a tese de um objetivismo ingênuo — dispensa a mediação interpretativa. Permito-me repetir: isso não passa de um objetivismo ingênuo. Afinal, subsunção pressupõe esgotamento prévio das possibilidades de sentido de um texto e um automático acoplamento do fato. Ora, tal perspectiva implica um mergulho no esquema sujeito-objeto, portanto, aquém do giro linguístico-ontológico. A questão, entretanto, assume contornos mais complexos quando as teorias da argumentação (e falo nelas porque o neoconstitucionalismo nelas se sustenta), a partir dessa distinção estrutural easy-hard cases, sustentam que os princípios (somente) são chamados à colação para a resolução dos assim denominados hard cases. Mas, pergunto: um caso pode ser fácil ou difícil antes de “acontecer juridicamente”? Veja-se que, aparentemente, a distinção easy-hard cases não acarretaria maiores problemas no plano hermenêutico-aplicativo, não fosse o seguinte ponto: o de que é pela ponderação que se resolverão os hard cases.
Dito de outro modo, a admissão da cisão estrutural easy-hard cases passa a ser condição de possibilidade do ingresso da ponderação no plano da interpretação jurídica. Tudo isso para dizer que não podemos mais aceitar que, em pleno Estado Democrático de Direito, ainda se postule que a luz para a determinação do direito in concreto provenha do protagonista da sentença. Isso quer dizer que, para além da cisão estrutural entre easy e hard cases, não pode haver decisão judicial que não seja fundamentada e justificada em um todo coerente de princípios que repercutam a história institucional do direito. Por isso, a necessidade de superarmos os discricionarismos, que, no mais das vezes, descambam na arbitrariedade interpretativa. O modo como fazer isso procuro delinear em Verdade e Consenso[5] e Jurisdição Constitucional e Decisão Jurídica[6] , para onde me permito remeter o leitor.
Esta coluna é produzida pelos membros do Conselho Editorial do Observatório da Jurisdição Constitucional (OJC), do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Acesse o portal do OJC (www.idp.edu.br/observatorio). 

[1] Cito, por todos, Écio Oto, que trabalha o neoconstitucionalismo como anti-positivismo. Nesse sentido, seu livro no prelo: Constitucionalismo Global ou Pluriversalismo Internacional? O neoconstitucionalismo na perspectiva da teoria e da filosofia políticas contemporâneas. Lumen Juris, 2014.
[2] Ver, para tanto: Oto, Écio e Pozzolo, Susanna. Neoconstitucionalismo e Positivismo jurídico: as faces da Teoria do Direito em tempos de interpretação moral da Constituição. Florianópolis, Conceito, 2012. Nessa obra conjunta, Écio Oto, na primeira parte, elenca onze características que vem sendo atribuídas ao neoconstitucionalismo. Todas elas são analisadas por mim no Posfácio da referida obra.
[3] Ativismo judicial tem a ver com teses que circulam por aí, tais como a de que decisão judicial é um ato político porque é um ato de escolha... Ora, isso Kelsen já dizia lá no capítulo oitavo de sua TPD. Mas esse era o seu lado decisionista. Ele nunca se preocupou com a decisão judicial. O resto da história todos conhecemos. Ou não.
[4] Alexy, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. Trad. Luis Virgilio A. Silva. São Paulo: Malheiros, 2008. p. 611.
[5] Streck, Lenio Luiz. Verdade e Consenso. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
[6] Streck, Lenio Luiz. Jurisdição constitucional e decisão jurídica. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
Lenio Luiz Streck é procurador de Justiça no Rio Grande do Sul, doutor e pós-Doutor em Direito. Assine o Facebook.
Revista Consultor Jurídico, 26 de abril de 2014

EMPRESA NÃO PODE IMBUTIR SEGUROS EM PREÇO DE PRODUTOS

Empresa não pode embutir seguros em preço de produtos

 
É dever da empresa ser leal ao seu cliente, expondo a ele todas as nuances do produto. Com esse entendimento, a 10ª Vara Cível de Brasília determinou a uma companhia que pare de embutir seguros facultativos e garantias estendidas no preço final dos bens comercializados sem o consentimento do consumidor, sob pena de multa de R$ 200 por cada infração.
Segundo o Ministério Público do Distrito Federal, autor da ação, no período de 1° de abril de 2008 a 19 de fevereiro de 2013, foram registradas 21 reclamações contra a empresa.
O MP-DF havia proposto um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para que fossem afixados cartazes nas lojas da empresa com as informações de que os seguros são opcionais e o cliente pode desistir deles a qualquer momento. O acordo foi rejeitado pela empresa.
A companhia argumentou que não orienta seus vendedores a venderem garantia estendida, seguros e outros serviços sem autorização prévia do consumidor.
Em sua decisão, o juiz de direito substituto Matheus Stamillo Santarelli Zuliani afirmou que “a presente demanda nada mais é do que uma forma de proteger os consumidores que estão sendo ultrajados no seu direito à informação, uma vez que acreditam que estão pagando o preço bruto do produto, enquanto que, na verdade, estão arcando, também, com uma garantia não desejada e não avaliada por eles”.
Zuliani acrescentou que o Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 6º, inciso III, garante o acesso do consumidor a informação adequada e clara sobre os diferente produtos e serviços. Com informações da assessoria de imprensa do TJDFT.
 
Revista Consultor Jurídico, 26 de abril de 2014

ROSCOE POUND E A DIFERENÇA DO DIREITO DOS LIVROS E DA VIDA REAL

Roscoe Pound e a diferença do Direito dos livros e da vida real

 
O jurista norte-americano Roscoe Pound nasceu em 27 de outubro de 1870 e morreu em 1º de julho de 1964. Estudou botânica na Universidade de Nebraska, seu estado natal. Devido à insistência do pai, que era advogado, Pound estudou Direito em Harvard e depois estagiou no escritório do pai. Reputava a prática do Direito como fonte de muito tédio, porém apreciava a filosofia jurídica. Defendeu tese de doutorado em botânica, obtendo o PhD em 1897. Porém, simultaneamente, começou a lecionar Direito Romano na Universidade de Nebraska, sua alma mater. Posteriormente ensinou Direito na Nortwestern Law School, foi contratado pela Universidade de Chicago, em seguida foi lecionar em Harvard, cuja faculdade de direito dirigiu de 1916 a 1936. Pound lecionou em Harvard até 1964, ano de sua morte.
Pound capitaneou um conjunto de reflexões que levam o epíteto de jurisprudência sociológica. É de Pound a apreensão da diferença entre o direito que há nos livros e o Direito que se desdobra na vida real (“the law in books and the law in action”), explicitada em texto seminal de 1910. Pound chamava a atenção para as discrepâncias que há entre as regras que abstratamente normatizam as relações e as normas que efetivamente governam os homens. Pound ilustrava a assertiva comentando princípio que indica presunção de constitucionalidade de todas as normas jurídicas, o que a Suprema Corte norte-americana, no início do século, parecia não levar em conta como dogma absoluto. Para Pound, simplesmente, as cortes declaram inconstitucionais as leis que não aprovam.
A cultura norte-americana se jactava de matizar um país governado por leis, e não por homens. A presunção indica suposta objetividade do Direito, racional e prospectivo, à luz de uma imagem tirada de categorias weberianas de dominação. Adiantando-se naquilo que hoje apenas ingênuos e mal intencionados não reconhecem, ou cismam em não reconhecer, Pound escreveu que “o rosto da lei pode ser salvo por um ritual elaborado, porém são os homens, e não as regras, que administram a justiça”. Trata-se de fixar e de adaptar os casos ao modelo, juízo de subsunção que na verdade se opera de modo invertido, na medida em que os modelos são efetivamente adaptados aos casos. É o sentido pessoal de justiça que marca a subjetividade característica do julgamento, que é o reflexo do julgador. E para Pound o problema não suscitava nada de novo.
Pound criticava os hábitos dos juristas norte-americanos de seu tempo; preocupava-se também com o direito legislado, que reputava de atrasado. Desconfiava de uma Filosofia do Direito que era histórica e analítica, e que sempre iniciava e terminava quaisquer discussões com repertório de casos dos direitos inglês e norte-americano. Enquanto a filosofia, a política, a economia e a sociologia já haviam deixado de lado as premissas naturalistas do pensamento oitocentista, queixava-se Pound, os advogados norte-americanos ainda persistiam nos mesmos paradigmas. Pound apontava problemas gravíssimos na administração da justiça dos Estados Unidos, a exemplo de uma hiperdimensão individualista. Para Pound, o direito norte-americano apenas concebia doutrinas e regras de proteção ao individualismo. Pound também indicava uma exagerada confiança na administração da justiça.
O direito dos livros se distanciava do Direito da vida real, segundo Pound, na medida em que aquele primeiro não havia conseguido se libertar das premissas supostamente equivocadas do Direito pensado no século XVIII. Com firmeza, Pound sugeria que se estudasse economia e sociologia e que se parasse de se achar que o direito é autossuficiente. Em ensaio de 1931 Roscoe Pound propunha chamada geral para uma filosofia jurídica realista.
Pound conhecia a sociologia jurídica defendida por Eugen Ehrlich, à qual a se reportava, ao comentar a influência dos detentores do capital na formação de regras jurídicas. Pound propunha sete passos a serem seguidos, com o objetivo de se redefinirem as práticas e concepções do realismo jurídico, que a seu ver tomava caminho que se distanciava do sentido inicial que o forjou. No ensaio de 1931 Pound sugeria: 1) uma atitude funcional, isto é, o estudo não só dos preceitos e das doutrinas do direito, porém, e principalmente, um estudo de como o direito efetivamente funciona; 2) o reconhecimento de elementos irracionais, ilógicos e subjetivos nas instâncias reais do direito, isto é, no modo como o direito efetivamente é aplicado; 3) o reconhecimento de circunstâncias únicas e individualizadas, em oposição ao universalismo conceitual do século XVIII; 4) o abandono da ideia de que há uma sequência necessária de acontecimentos, que parte de uma causa única e que caminha para um único resultado possível, no sentido de se admitir que exista apenas uma única solução soberana para um determinado caso levado à justiça; 5) a leitura do direito a partir da psicologia, sem que necessariamente se aderisse a alguma escola específica do pensamento psicológico; 6) a adoção de axiologia que levasse em conta o jogo de interesses a partir da psicologia e da filosofia, sem que, mais uma vez, se aderisse a qualquer dogma dominante nos campos psicológico e filosófico e, 7) o reconhecimento de que há muitas abordagens e possibilidades para se chegar a uma verdade jurídica, sendo que todas elas são significativas em relação aos vários problemas aos quais se referem.
Esses sete itens elencam um programa. Os passos de número 4 e 7 sugerem que há várias soluções jurídicas para um mesmo problema, tese que será retomada com vigor por Benjamin Cardozo, outro grande precursor do realismo jurídico norte-americano. Esse relativismo jurídico é o ponto central no realismo, dado que refuta o dogma da certeza que se desdobra do positivismo. Pound não era exclusivista nem excepcionalista, na medida em que admitia também o valor e a contribuição de todas as tendências da filosofia jurídica, inclusive aquelas que ele criticava.
Pound problematizava, ainda em 1919, quando em artigo referente à liberdade contratual denunciava a falácia da igualdade, tema que é tabu no entorno democrático norte-americano, especialmente no início do século XIX, quando a ingenuidade política era provavelmente mais acentuada. Pound citava famoso julgado que teria anunciado que a liberdade do empregado deixar o trabalho, quando quisesse, era, e deveria ser, igual à liberdade do empregador dispensar o empregado. Era essa a liberdade contratual que o Direito norte-americano consagrava, impregnado que estava de interesses de economia que se desenvolvia, nos moldes do regime de laissez-faire. Valendo-se de estudo de sociólogo, Pound percebia que essa igualdade não detinha nenhuma sinceridade. E perguntava: até quando as cortes persistiram acreditando nessa falácia?
Criticando uma decisão da Suprema Corte, de 1908, que considerou padrões e empregados partes iguais em assuntos de transporte ferroviário, Pound lembrou de presidente norte-americano que havia afirmado que juízes projetam seus valores individuais e suas idiossincrasias sociais e econômicas quando decidem. Pound lembrou que o modelo constitucional norte-americano fora concebido em período no qual a escola jurídica do direito natural estava em seu zênite, bem como o momento de maior desenvolvimento do direito nos Estados Unidos coincidia com o ápice do individualismo na ética e na economia. Escreveu que ainda se citava Blackstone, jurista inglês, para quem “o bem público não está essencialmente mais interessado em nada além do que a proteção de todos os direitos individuais.”
Pound compartilha de uma holmesmania, de uma veneração pelos julgados de Oliver Wendell Holmes Jr., em tradição jusfilosófica norte-americana que até hoje persiste. Pound criticava uma jurisprudência mecânica que não levava em conta os fatos para os quais se dirigia. Defendia a produção de uma legislação de forte conteúdo social, que contrariasse as tendências retrógradas que eram reveladas pelo judiciário norte-americano. Seu texto mais importante, An Introduction to the Philosophy of Law (Uma Introdução à Sociologia do Direito), dá os contornos do seu realismo jurídico. Prioritariamente, o Direito, segundo Pound, deve ser ajustado às condições sociais concretas e reais. Pound repudiava jusfilosófos, juízes e advogados que se perdiam em controvérsias abstratas a propósito de temas de direito.
A injustiça de uma lei seria aferida por sua incapacidade para promover os interesses sociais. Pound desconfiava da tirania de um direito estático, bem como do dogma da ficção da tripartição dos poderes e da soberania popular, enquanto conteúdos jurídicos indiscutíveis. Sardonicamente, Pound argumentava que um Direito distante da vida real lembra-nos o escritor a quem se encomendou que escrevesse sobre a metafísica chinesa, e que recolheu material para seu texto lendo na Enciclopédia Britânica os verbetes “China” e “metafísica”...
 
Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy é livre-docente em Teoria Geral do Estado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, doutor e mestre em Filosofia do Direito e do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e pós-doutor em Teoria Literária pela Universidade de Brasília.
Revista Consultor Jurídico, 27 de abril de 2014

"É PRECISO INVESTIR NO ENSINO COM PROBLEMAS JURÍDICOS CONCRETOS"

"É preciso investir no ensino com problemas jurídicos concretos"

 
O ensino de Direito no Brasil passou por uma grave crise no final da década de 1990. Parte dessa crise era quantitativa, com a proliferação de escolas de Direito. De 200 que eram no início da década, passaram a mais de 1 mil. E houve também uma crise de qualidade. Criticava-se, então, a estrutura curricular rígida, a falta de diálogo entre disciplinas teóricas e dogmáticas e os métodos de ensino assentados em palestras magistrais.
Foi nesse contexto que surgiu um novo GVlaw, Programa de Pós-Graduação Lato Sensu da Escola de Direito de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas. A preocupação era montar cursos capazes de formar profissionais sensíveis à realidade do Direito. A escola, então, passou a investir em métodos participativos do ensino estudando experiências de outros países e também a experiência de outros campos do conhecimento do Brasil. O objetivo principal deixou de ser a transmissão de informação para ser a troca de conhecimento.
Nesse sistema, o aluno é persuadido a participar da aula o tempo todo, num ambiente permantente de troca de conhecimento e experiência. Para isso, a escola segmentou as turmas buscando colocar na mesma sala de aula, profissionais com o mesmo tempo de experiência profissional. “Uma turma que é homogeneamente experiente alavanca o ensino dentro da sala de aula quando há esse apelo de método de ensino participativo em que a contribuição que o aluno trás é altamente relevante”, afirma Emerson Ribeiro Fabiani (à direita na caricatura), coordenador executivo do Programa de Educação Executiva do GVlaw.
Segundo Fabiani e Fábio Ferreira Durço (à esquerda na caricatura), também coordenador executivo do programa, que concederam entrevista exclusiva à revista eletrônica Consultor Jurídico, o grande desafio da escola é diminuir a distância entre quem já atua no mercado e quem é responsável pela formação de quem vai atuar no mercado. “É preciso investir ainda mais nessa preocupação com problemas jurídicos concretos e reavaliar sempre quais são os métodos que a gente está usando para conseguir isso”, diz Fabiani.
Leia a entrevista:
ConJur — Como está o ensino de Direito no país?
Emerson Ribeiro Fabiani —
É uma pergunta difícil. A gente teve, na década de 1990, um crescimento brusco no número de faculdades de Direito. Foi um crescimento astronômico de cerca de 200 para 1,5 mil escolas. O movimento é um pouco marcado por um controle maior do Ministério da Educação que fechou várias faculdades de direito e diminuiu vagas em vários cursos de graduação. Houve também um movimento de consolidação do mercado. A gente já não percebe mais essa expansão no mesmo nível que a gente viu nos anos 2000. E eu tenho percebido, como a nossa escola investe muito em formação docente, em aprimoramento docente. A gente tem percebido uma preocupação sincera de muitas faculdades em investir na formação de seus professores. E cada vez mais uma consciência de que isso é importante e que isso faz a diferença. Então, eu tenho uma visão muito otimista em relação ao ensino do direito no Brasil.
ConJur — Houve uma mudança no ensino do direito nesses últimos anos?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Muitas escolas atuais não teriam espaço na década de 1980, como a GV. E há várias experiências bem sucedidas de escolas com propostas bem fundamentadas de ensino. Hoje em dia há uma circulação maior de professores e pesquisadores pelo Brasil e também para fora do Brasil, e isso tem contribuído para que o debate sobre modelos de ensino no direito seja mais oxigenado e as pessoas passam a ter outras referências. Isso tem contribuído muito. Eu tenho uma visão bastante otimista.
ConJur — O GVlaw surgiu de uma necessidade de melhorar o ensino do Direito?
Emerson Ribeiro Fabiani —
A ideia de se criar uma escola de direito na GV já existia, mas ficou mais forte no final da década de 1990, a partir de um diagnóstico, compartilhado por alguns professores e diretores da Fundação Getúlio Vargas, de que o ensino do direito passava por uma crise.
ConJur —Que crise?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Os motivos iam desde a estrutura curricular altamente enrijecida, a falta de diálogo entre disciplinas teóricas e disciplinas dogmáticas, até métodos de ensino assentados em palestras magistrais, o famoso estilo de aula Coimbrão. Além disso, a extensão de disciplinas era determinada pela extensão das grandes leis, e não pela relevância que determinada disciplina tem para resolver problemas jurídicos concretos. Então, o tamanho do curso de Direito civil era determinado pela extensão do Código Civil. Como o Código Penal tem menos artigos que o Código Civil, a disciplina de Direito Penal vai ocupar menos tempo da carga horária do aluno de graduação. Essas eram algumas das leituras que levavam a esse diagnóstico de crise do ensino do Direito.
ConJur — Como vocês perceberam a crise?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Nós fomos ao mercado entrevistar os atores relevantes no mundo jurídico. Contratamos uma consultoria que fez uma pesquisa sem identificar quem era o contratante. A conclusão desse estudo de mercado foi que os grandes escritórios e as empresas demandavam um tipo de advogado que as faculdades de direito não estavam formando. A partir desta leitura, aprofundamos o diagnóstico e tentamos identificar quais elementos de uma escola de Direito deveriam ser alterados para que pudesse ser sensível ao mundo no qual ela atua. Não simplesmente para atender uma demanda de mercado de grandes escritórios ou de grandes empresas, mas a preocupação da escola era montar uma faculdade capaz de formar advogado, juiz, promotor, pesquisador ou professor de Direito sensíveis à realidade concreta de atuação do Direito.
ConJur — Quem foram os responsáveis pela iniciativa?
Emerson Ribeiro Fabiani —
As pessoas que estiveram envolvidas no início da escola eram professores com larga experiência em docência, em pesquisa no Direito. O Ary Oswaldo Mattos Filho, quando foi fundada a Faculdade de Direito de São Paulo, já tinha 30 anos de docência na Faculdade de Administração da GV, ministrando disciplinas de Direito Tributário e de Mercados de Capitais. O Carlos Ari Sundfield já era um professor de larga carreira na PUC São Paulo. O Ronaldo Porto Macedo Junior e também o José Reinaldo Lima Lopes são dois professores com farta experiência de ensino e de pesquisa na Faculdade de Direito da USP.
ConJur — A partir daí a escola decidiu montar uma equipe para pensar o currículo da nova faculdade de direito da GV?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Sim. E, a partir desse currículo, chegou-se à conclusão de que seriam necessários outros substratos para colocar essa escola de Direito na rua. Um dos substratos era a necessidade de formar um professor diferente, ou seja, ter no seu corpo docente um professor que tenha disposição de ensinar também com métodos participativos, que estivesse disposto a não simplesmente reproduzir o modelo daqueles professores que o formaram.
ConJur — Fora do país, havia esse modelo de escola?
Emerson Ribeiro Fabiani —
A escola estudou as experiências de outros países e também a experiência de outros campos do conhecimento aqui no Brasil que já faziam uso de métodos participativos de ensino. Por exemplo, a Escola de Administração da GV é uma das referências no uso de casos para o ensino de gestão.
ConJur — Quais os benefícios do método participativo de ensino?
Emerson Ribeiro Fabiani —
A participação é premissa pedagógica de que o conhecimento vai ser construído de maneira mais eficiente se contar com o envolvimento do aluno. Muitos estudos mostram que quando o sujeito do aprendizado se envolve no processo de aprendizagem, o resultado é muito melhor do que se ele simplesmente for um sujeito passivo. Há um modelo em que o professor é dono de todo conhecimento: ele chega em uma sala de aula para uma plateia normalmente vasta e faz o download da informação dele para a cabeça do aluno. É como se o processo de aprendizagem se resumisse a uma transmissão oral de conteúdo dominado por alguém que está a mais tempo na lida jurídica. E tem uma outra premissa pedagógica, que foi a que nos orientou: todas as pessoas que chegam à escola — seja ela o aluno que acabou de sair do ensino médio, seja o graduado da mais reputada faculdade de Direito — têm uma experiência pretérita que é relevante para o ensino consistente.
ConJur — O objetivo é a troca de conhecimento...
Emerson Ribeiro Fabiani —
Sim! A troca de conhecimento foi o que fez a escola investir bastante em métodos participativos. Começamos a recrutar uma equipe de pesquisadores, eram jovens doutorandos que tinham disposição para se aprimorar em uso de métodos participativos de ensino e também tinham disposição para produzir um tipo de material didático que desse suporte a esse ensino. E, para certas áreas, a escola decidiu investir em uma produção própria que hoje se tornou uma vasta bibliografia da escola. Em 15 anos, desde que começou a investir nessa metodologia, a escola já publicou muitos livros e artigos tentando acumular material para esse tipo de ensino diferente.
ConJur — O GVlaw acompanhou o crescimento da escola de Direito?
Emerson Ribeiro Fabiani —
A área de pós-graduação lato sensu cresceu bastante depois da implementação do curso de graduação da Getulio Vargas. Toda essa leitura de mercado foi feita para montar um curso de graduação, que começou em 2005. Desde então, o curso vem funcionando muito bem e em paralelo o GV Law foi crescendo também. Mas foi crescendo com outro objetivo. O objetivo inicial do GVlaw era difundir o nome da fundação Getulio Vargas no mundo do Direito e criar um espaço ideal de experimentação tanto de técnicas de ensino diferenciadas como de material didático diferenciado.
ConJur — E qual é a situação hoje?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Há três anos fizemos um estancamento do crescimento do GV Law. A nossa leitura era de que o GVlaw já tinha um tamanho adequado, não fazia mais sentido crescer e o que nós queríamos era reforçar o posicionamento dele, a percepção que as pessoas tinham a respeito do GVlaw e também posicioná-lo em áreas nas quais ele não era tão reconhecido. Por exemplo, o curso nunca foi referência na área de Direito Público. Mas, se você perguntar para qualquer graduando em Direito, mestre ou doutor qual escola é referência no ensino do Direito Empresarial, do Direito Societário, do Direito dos Negócios — que é um termo que a nossa escola cunhou — e no ensino do Direito Tributário? As pessoas responderiam que o programa de pós, referência nesses temas, é o GVlaw.
ConJur — O GVlaw atende a advogados que já estão no mercado há muito tempo e também a recém formados. Como é feita essa divisão?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Até três anos atrás não havia segmentação de público. Em uma mesma sala ficavam o profissional senior com um profissional junior, recém formado. Em 2011 criamos uma segmentação de mercado e cursos específicos para público senior e cursos específicos para público recém formado.
ConJur — Essa segmentação é uma exigência do método de ensino participativo?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Uma turma homogeneamente experiente alavanca o ensino dentro de sala de aula quando há esse apelo de método de ensino participativo, já que a contribuição do aluno é altamente relevante. É óbvio que a sala de aula não é homogênea em termos de perfil geral dos alunos, não há um monte de robozinhos iguais, mas os anos de experiências profissional são bem parecidos. E você não mistura as duas pontas da carreira jurídica. Você não pega o sujeito que era estagiário até ontem para estar em uma mesma sala com o diretor jurídico.
ConJur — O que busca um advogado sênior que procura a GV?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Se fosse possível fazer uma divisão entre teoria e prática eu diria que as pessoas que têm uma preocupação teórica dificilmente procuram o GVlaw. A escola é percebida no mundo jurídico como um programa que está preocupado com a resolução de problemas jurídicos concretos. Se a melhor forma de resolver esses problemas jurídicos concretos é com teoria ou com prática, isso é outra história. Mas as pessoas percebem no GVlaw um programa da prática.
ConJur — Como funciona a grade do GVlaw para que o aluno tenha contato com a sua especialidade de forma mais aprofundada?
Emerson Ribeiro Fabiani —
A distribuição das disciplinas na grade é feita de forma que ao mesmo tempo o aluno tome contato com o direito econômico e em paralelo faça uma disciplina de microeconomia, por exemplo. Então, quando ele for estudar cartel, na disciplina de direito econômico, ele já passou por alguns conceitos de economia que serão úteis para ele aplicar no mundo jurídico. Para  lidar com qualquer problema de conduta no mundo do direito concorrencial, você tem que dominar estrutura de mercado, tem que saber o que é monopólio, o que é oligopólio, o que é mercado relevante. Então, a nossa grade está pensada assim, ela é pensada organicamente, para permitir o máximo de aproveitamento.
ConJur — Como é o modelo de avaliação da escola?
Fábio Ferreira Durço —
Criamos um modelo de avaliação em que não basta o aluno tirar nota máxima nas provas formais. Isso porque, a nota de participação é bastante considerável, é de 40%. Se o aluno tirar 10 nas duas provas, ele fica com média 6 e a média para aprovação é 7. Ou seja, por mais brilhante que ele seja, se ele não quiser dialogar, se ele não quiser participar, ele não vai conseguir aprovação.
Emerson Ribeiro Fabiani — E isso é possível fazer, porque desde 2011 mudamos nossa forma de divulgar os cursos, mudamos a roupagem dos cursos e isso resultou em uma alta demanda. Com isso, conseguimos fazer uma seleção muito rigorosa dos nossos alunos.
ConJur — O GVlaw tem diminuído a quantidade de cursos. Por que?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Isso fez parte do movimento de reestruturação do GVlaw. Tínhamos um catálogo com 60 opções de cursos e cortamos drasticamente para cerca de 23 cursos.
Fábio Ferreira Durço — A gente queria foco. Queríamos uma operação mais orgânica. Embora o catálogo tenha sido reduzido para mais da metade, fizemos durante dois anos consecutivos os melhores anos em processo seletivo do GVlaw, em mais de 10. Com uma taxa de reprovação que é muito incomum em programa de especialização.
Emerson Ribeiro Fabiani — Tivemos que represar porque nossos fatores não são todos multiplicáveis do dia para noite. E a opção que a gente fez foi saber o tamanho que queremos ter e manter assim. E isso tem ressoado no mercado, sendo traduzido em reputação.
ConJur — Como é feita a seleção dos alunos?
Emerson Ribeiro Fabiani —
São duas etapas. A primeira etapa é uma análise curricular, que leva em conta a trajetória acadêmica, experiência profissional e relevância das atividades que aquela pessoa desempenha. Uma segunda fase é uma entrevista individual, que serve para explorar um pouco mais o perfil do aluno e também para você dizer o que é a escola para esse aluno.
ConJur — O GVlaw proporciona um relacionamento diferente com cada carreira jurídica?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Criamos alguns cursos voltados especificamente para algumas carreiras jurídicas, e o exemplo de maior sucesso nesses três anos é um curso chamado Litígio Estratégico de Interesse Público. Esse é um curso que possivelmente não seria imaginado no GVlaw há uns cinco anos. O objetivo do programa é discutir como é que deve ser defendido o interesse público, mas considerando os atores que são nomeados pela Constituição ou pela lei para fazerem isso. Todas as instituições são, de uma forma ou de outra, legitimadas para defender o interesse público. Então, a escola decidiu juntar esses atores em uma sala de aula e discutir o que é defesa do interesse público. Criando esse espaço para que representantes dessas carreiras dialoguem vai aprimorar a atuação de todas essas carreiras, simplesmente porque há um ambiente acadêmico onde essas pessoas se sentem à vontade para discutir. Através da discussão essas pessoas vão transformar a própria atuação prática.
ConJur — Como é o relacionamento entre a escola e o Ministério Público?
Emerson Ribeiro Fabiani —
O GVlaw tem uma parceria ótima com a Escola Superior do MP. Nesse curso de litígio estratégico sempre tivemos alunos do MP. A gente conseguiu criar um espaço de verdadeira interlocução entre as carreiras nesse curso de litígio.
ConJur — Há quem diga que a escola da GV é americanizada. Esse diagnóstico que levou ao reconhecimento da crise do Direito teve algum envolvimento com a experiência desses profissionais no exterior?
Emerson Ribeiro Fabiani —
É um diagnóstico que também bebeu em fontes internacionais. A escola se pautou muito com um diálogo com o mercado, mas também se valeu muito da experiência desses professores no exterior. Todos eles tiveram alguma vivência acadêmica no exterior, não necessariamente nos Estados Unidos. Muitas pessoas tiveram uma trajetória e experiência também na Europa. Especialmente o Oscar Vilhena Vieira que há três anos virou o diretor da escola, é uma pessoa atuante na área de direitos humanos e hoje um interlocutor muito importante para construção de teorias que a gente chama de teorias do Sul. Porque é relevante que os países ditos em desenvolvimento ou subdesenvolvidos tenham uma reflexão própria que não seja simplesmente a aplicação de modelos pensados na Europa ou nos Estados Unidos.
ConJur — Geralmente o Direito é visto como um fenômeno nacional. O que vocês pensam disso?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Alguns exageram nesse argumento em falar que o direito é cartorial e fechado em um espaço pequeno, mas a pretensão da nossa escola desde o inicio foi ser uma escola internacionalizada.
ConJur — Internacionalização no sentido de levar o curso para fora do Brasil?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Normalmente a internacionalização é vista como um movimento em que alunos brasileiros deixam o Brasil para estudar no exterior para depois voltar, independentemente da comunicação de sistema jurídico. Mas, em 2007 começamos a fazer uma atuação internacionalizada que era diferente disso. Consistia em levar cursos da nossa escola para fora do Brasil. E aí nós iniciamos uma operação em Lisboa e passamos a oferecer recorrentemente cursos que funcionavam somente na nossa escola, em um formato diferente, que permitia o deslocamento dos nossos professores e que fosse um modelo atrativo também para o mercado português.
ConJur — Que tipo de curso é levado para Lisboa?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Todos os anos fazemos, em regra, pelo menos uma turma, ora de técnicas de negociação, ora de gestão de sociedade de advogados, gestão de escritórios, ora de liderança. Normalmente a gente leva para Lisboa cursos de habilidades, que são muito importantes para quem atua como advogados. Nossa opção de atuação em Portugal foi de levar cursos de habilidades que é um pouco da cara diferente que a GV tem.
ConJur — A GV tem alguma parceria com outras faculdades de Direito do Brasil?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Sim. A escola tem muitas parcerias com outras faculdades e que passam pelo diálogo de professores, vivência dos nossos professores nessas faculdades, vivência dos professores dessas faculdades na nossa escola. A GV criou, por exemplo, um banco de casos para o ensino participativo do direito compartilhado que fica no site da escola. O professor que se interessar pode acessar o material e usar na sua aula. Além disso, a GV promove um curso gratuito de aprimoramento docente. A demanda é grande de pessoas que já têm larga experiência docente, mas querem conhecer como é o jeito de ensinar na GV. O curso acontece uma vez por semana, durante cinco dias e demonstra, entre outras coisas, como criar instrumentos de avaliação e como avaliar o método participativo.
ConJur — O que a GV pretende fazer no futuro? Quais são os planos visando a necessidade do ensino de hoje?
Emerson Ribeiro Fabiani —
Qualquer profissão mais tradicional tem uma separação natural entre quem atua no mercado e quem é o responsável por formar os alunos que vão atuar no mercado. Há uma divisão entre os práticos e aqueles donos do saber, que vão treinar os próximos práticos. Eu acho que o grande desafio da GV é diminuir esse espaço. É preciso investir ainda mais nessa preocupação do ensino com problemas jurídicos concretos e pensar e reavaliar sempre quais são os métodos que a gente está usando para conseguir isso. De modo prático a escola GVlaw pretende investir cada vez mais em uma internacionalização. A gente foge do modelo paroquial de ensino, queremos professores estrangeiros dando aula no GVlaw, queremos professores do GVlaw dando aula fora do Brasil, queremos que nossos alunos participem de atividades de intercambio, do mesmo jeito que a gente recebe alunos estrangeiros que queiram ter uma experiência de ensino aqui no Brasil.
 
Livia Scocuglia é repórter da revista Consultor Jurídico.
Revista Consultor Jurídico, 27 de abril de 2014

sexta-feira, 25 de abril de 2014

PROVA DE DIREITO EMPRESARIAL I - GABARITO OFICIAL



GABARITO OFICIAL DA PROVA DE DIREITO EMPRESARIAL I - UNILAVRAS 2014/1.




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STF julga improcedente ação penal contra ex-presidente Fernando Collor

 

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou improcedente, na sessão desta quinta-feira (24), a Ação Penal (AP) 465, proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente da República e atual senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), pela suposta prática dos crimes de falsidade ideológica, corrupção passiva e peculato, previstos nos artigos 299, 312 e 317 do Código Penal, respectivamente.
A ação foi relatada pela ministra Cármen Lúcia, tendo como revisor o ministro Dias Toffoli. O ex-presidente era acusado de, entre 1991 e 1992, participar de esquema de direcionamento de licitações para beneficiar determinadas empresas de publicidade em troca de benefícios pessoais e para terceiros. Para tanto, ele se teria valido de um “testa de ferro” de nome Oswaldo Mero Salles (já falecido), tendo se beneficiado do esquema na forma de pagamento de pensão alimentícia a um filho nascido de relação extraconjugal. O esquema teria envolvido, também, a emissão de cheques em nomes de “fantasmas” e do uso de “laranjas”.
Ao defender a condenação, a vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, sustentou que a análise dos autos levava à constatação de que o então presidente tinha pleno conhecimento dos fatos criminosos que ocorriam a sua volta, devendo aplicar-se ao caso a teoria do domínio do fato. A defesa, por sua vez, alegou inépcia da denúncia, cerceamento da defesa e ausência de provas de materialidade e autoria. Além disso, segundo a defesa, os contratos de publicidade sequer passavam pelo presidente da República, mas sim por uma comissão do Palácio do Planalto para examinar os contratos firmados e, segundo sustentou, nenhum membro dessa comissão foi alvo de qualquer denúncia de fraude.
Votos
Em seu voto, a ministra Cármen Lúcia rejeitou a tese da Procuradoria Geral da República de que se aplicaria ao caso a teoria do domínio do fato, pois não existem provas concretas de que o então presidente tivesse conhecimento dos contratos de publicidade. Nesse particular, ela se reportou à afirmação da própria representante da PGR no sentido de que o servidor Oswaldo Salles não tinha relação próxima com o ex-presidente para agir em seu nome.
A ministra também disse que a doutrina consolidada do STF não admite que uma condenação se dê unicamente por depoimentos prestados no inquérito policial. Isso porque, segundo a relatora, testemunhas ou até corréus que, em depoimento no inquérito policial, confirmaram o envolvimento do então presidente no esquema de corrupção, não o confirmaram em juízo.
Por outro lado, ainda conforme a relatora, corréus ou informantes não podem ser admitidos como prova única para uma condenação, uma vez que não prestam juramento de dizer a verdade. Nesse sentido, a ministra citou diversos precedentes, como os Habeas Corpus (HCs) 90708 e 81618.
Absolvição
A ministra Cármen Lúcia lembrou que Fernando Collor já foi objeto de 14 inquéritos no STF, oito petições criminais, quatro ações penais e mais de duas dúzias de HCs. Chamou atenção especial para a AP 307 e os Inquéritos 1030 e 1207, envolvendo crimes contra a administração pública, e disse que, em todos eles, o ex-presidente foi absolvido por falta de provas.
Do mesmo vício padeceu, segundo ela, o processo hoje julgado. “No presente caso, no exame que fiz, não consegui encontrar elementos, quer de autoria, quer de materialidade dos fatos imputados”, observou. Em razão disso, julgou improcedente a ação, nos termos do artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal – CPP (“não existir prova suficiente para a condenação).
Resultado
A maioria dos ministros acompanhou o voto da relatora, absolvendo o ex-presidente dos três crimes a ele imputados. Ficaram vencidos, em parte, o ministro Ricardo Lewandowski, que o absolvia com fundamento no artigo 386, inciso V, do CPP (“não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal”) e os ministros Teori Zavascki, Rosa Weber e Joaquim Barbosa (presidente), que votaram pela absolvição quanto ao crime de peculato, mas reconheceram a prescrição da pretensão punitiva em relação aos delitos de falsidade ideológica e corrupção passiva.
FK/RD,AD

Processos relacionadosAP 465
Fonte: STF

Ministro Roberto Barroso defende ativismo judicial na abertura de seminário no CJF

Na palestra de abertura do seminário Teoria da Decisão Judicial, realizada quarta-feira (23) na sede do Conselho da Justiça Federal (CJF), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Roberto Barroso (foto) defendeu o ativismo judicial e disse que a figura do juiz tradicional está historicamente superada.
 
Segundo o magistrado, a cada dia é mais importante que o julgador, ao tomar sua decisão, também observe fatores culturais, sociais e políticos, e não apenas a legislação vigente. A mesa da conferência foi presidida pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Villas Bôas Cueva, coordenador científico do evento.
 
“As pessoas enxergam o mundo de diferentes pontos de observação. As coisas têm a cor da lente de quem olha. E quem convive com o direito deve saber que não há verdade plena. A decisão judicial é um ato político, porque é uma escolha, dentro das possibilidades de julgamento existentes. O juiz tem o dever de prover uma solução justa e correta dentro da sua perspectiva. O juiz precisa estar atento aos precedentes, além de zelar pela coerência e integridade. As partes têm direito a juiz isonômico”, afirmou o ministro do STF.
 
Mudanças de paradigma
 
Para uma plateia formada por mais de 300 pessoas, Roberto Barroso apontou três grandes mudanças de paradigma que revolucionaram o direito nos últimos anos: a superação do formalismo jurídico, pois antes a lei era a expressão da justiça; o advento de uma cultura pós-positivista, que aproximou o direito da filosofia moral e política; e a passagem da Constituição para o centro jurídico, como efeito da publicidade dada ao direito na atualidade.
 
“Tudo isso produz um impacto na interpretação jurídica. A vida ficou mais rica, mais complexa e mais plural. Existe uma pluralidade de normas vigentes. Para lidar com esses fatos novos, o direito constitucional criou novas categorias. A norma já não traz mais em si a solução do problema, e sim apenas o início dela. Os fatos passam a fazer parte da norma. Por isso a argumentação jurídica se tornou tão importante. O direito perdeu muito da objetividade com a qual saiu do século 20”, disse Roberto Barroso.
 
Na opinião do ministro, há três causas para o surgimento de casos complexos e difíceis de julgar nos dias de hoje: a ambiguidade da linguagem jurídica; a existência de desacordos morais razoáveis na sociedade, já que as pessoas pensam de maneira diferente; e a colisão de direitos fundamentais. “Vivemos um fenômeno amplo de judicialização da vida”, completou o palestrante. De acordo com ele, por conta desse contexto, há uma transferência indireta de atribuições dos Poderes Legislativo e Executivo para o Judiciário.
 
Normatização
 
Roberto Barroso também destacou que esse fenômeno resulta da existência de uma Constituição ampla – que normatiza várias questões – e de um sistema de controle em que todos os juízes podem interpretá-la. “A judicialização e um grau moderado de ativismo judicial tem servido positivamente para o nosso país”, afirmou o ministro.
 
Para exemplificar essa situação, ele citou alguns dos casos mais complexos julgados pelo STF nos últimos anos que resultaram na normatização de questões não previstas na Constituição.
 
Nesse sentido, o ministro avaliou os julgamentos que colocaram em discussão os seguintes temas: união estável homoafetiva, aborto de anencéfalo, nepotismo, perda de mandato de parlamentar condenado judicialmente, financiamento de campanha política por empresas, entre outros assuntos. “O juiz não cria o direito. A ideologia do juiz também define a decisão”, concluiu Barroso.
 
Seminário
 
Promovido pelo Centro de Estudos Judiciários (CEJ) do CJF, em parceria com a Escola Nacional de Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam) e com a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), o seminário Teoria da Decisão Judicial acontece até sexta-feira (25), no auditório do CJF.
 
O evento tem o objetivo de propiciar a reflexão sobre a estrutura, a elaboração e o impacto das decisões judiciais, e sobre como os operadores do direito vêm tratando as questões que permeiam a construção das decisões judiciais.
 
Fonte: STJ

Testemunha não é suspeita por mover ação idêntica contra mesma empresa

Deve-se presumir que as pessoas agem de boa-fé, diz a decisão. A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho determinou que a teste...